A Corregedoria da Polícia Militar indiciou 14 policiais militares da Rota acusados de agredir, torturar e abusar sexualmente de moradores de São José dos Campos, em uma ação paralela à desocupação da área do Pinheirinho, uma das maiores feitas no País, ocorrida em 2012.
Os crimes, segundo inquérito policial militar que será enviado ao Ministério Público, ocorreram no bairro Campo dos Alemães, onde o 1º Batalhão de Choque da Rota fazia uma ronda, enquanto o resto da PM se concentrava no Pinheirinho. Entre os indiciados, está o tenente-comandante Hillen Deniz dos Santos, 7 anos de carreira, e o sargento Luiz Cesar Ricomi, 27 anos na polícia.
Também estão envolvidos um cabo, dez soldados e um integrante do Centro de Operações da PM (Copom) de São José dos Campos - esse último só responde por prevaricação (deixar de realizar ato obrigatório), por não atender o chamado de uma das vítimas.
De acordo com a corregedoria, os policias entraram em uma casa onde havia sete suspeitos (duas mulheres e cinco homens, sendo um deles menor de idade) de uso de drogas e porte ilegal de arma. Os PMs teriam coagido as vítimas para que apresentassem uma arma de calibre 12. Duas mulheres relatam que foram assediadas pelos policias a praticar sexo oral.
Os acusados dos crimes sexuais são o tenente e sargento. Um adolescente, então com 17 anos, alega ter sido empalado com um cabo de vassoura. Um laudo pericial confirmou a lesão na vítima.
Todo os PMs investigados poderão ser expulsos da corporação por crime de tortura, lesão corporal e violência sexual - os delitos poderão ser julgados pela Justiça comum ou pela militar, dependendo da conduta.
Apenas um dos policiais, que no começo disse que havia participado da ação, mas depois desmentiu, não foi indiciado, mas responderá por infração administrativa. Ele foi flagrado com uso de maconha em um exame toxicológico. Um soldado do Copom, que havia tratado o telefonema de uma das vítimas com desleixo, foi denunciado por prevaricação.
Além do Pinheirinho
A reclamação ao Copom foi registrada uma semana depois dos crimes, ocorridos em 22 de janeiro de 2012, dia em que 2 mil policiais militares cumpriam decisão judicial de reintegração de posse e retiraram 8 mil famílias do terreno de 1,3 milhão de m2 do investidor Naji Nahas.
Segundo a corregedoria, todos os envolvidos foram afastados de suas funções para cargos administrativos desde o começo do inquérito. Não foi pedida prisão preventiva, segundo a PM, por eles não atrapalharem as investigações nem terem maus antecedentes.
Os advogados dos indiciados não foram localizados pela reportagem até o fechamento desta edição. Na versão dos PMs indiciados, eles observaram os suspeitos com atividade estranha na rua e entraram atrás deles na casa. Os suspeitos teriam admitido porte de drogas e arma e, por isso, foram presos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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