O salário acabou, mas o mês ainda está longe do fim. O mercado de trabalho encolheu, a renda diminuiu, o crédito sumiu. Diante dessa dura realidade econômica, o “jeitinho” que muitos brasileiros têm adotado é recorrer a familiares e amigos e pedir o “nome emprestado” para conseguir pagar contas, quitar dívidas ou fazer suas comprinhas.
Pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) aponta que quase 40% dos brasileiros já compraram usando o nome de terceiros. A modalidade mais utilizada é o cartão de crédito (26%), seguido pelo cartão de loja (9%) e pelo crediário (9%).
O levantamento do SPC Brasil mostra ainda que os principais motivos para o empréstimo de nome são os imprevistos (27%) e o fato de a pessoa já estar com o nome sujo (25%).
E não faltam argumentos para convencer o parente ou amigo a ceder o crédito: desde as despesas que surgem inesperadamente até a falta de dinheiro para renovar o visual ou o guarda-roupa.
A bondade, no entanto, pode custar caro. Segundo o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, quem empresta o nome se sente constrangido a negar por causa da proximidade com a pessoa e pelo desejo de ajudar. Ao mesmo tempo, quem se vale do crédito de terceiros mostra que já está com a conta no vermelho ou até mesmo negativado. Assim, a probabilidade de não ter condições de arcar com a nova dívida é grande.
Pesquisa divulgada em abril, também pelo SPC Brasil e CNDL, mostra que muitos amigos e parentes acabam prejudicados pela prática, já que 17% dos consumidores inadimplentes ficaram com o nome sujo após emprestarem dados, cartões ou cheques.
Em média, conforme o levantamento, os consumidores que tiveram que bancar as contas feitas pelo colega ou familiar gastaram mais de R$ 1.200 para honrar os compromissos. E a principal justificativa apresentada para o “calote” é o aperto financeiro.
Se um parente te pedisse o cartão de crédito emprestado para fazer uma compra, você daria? E se fosse um amigo?
Como os pedidos são mais comuns do que se imagina, é bom ter na ponta da língua uma resposta para dar.