Editorial.

Acordo histórico que mostra o caminho

30/04/2020 às 21:16.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:24

Em meio a um cenário de falta de entendimento e coordenação entre as três esferas do Executivo no país envolvendo a gestão do combate à pandemia do novo coronavírus, Minas Gerais mais uma vez faz história. E, diante de sua tradição conciliadora, imortalizada por nomes como o de Tancredo Neves, dá um exemplo claro de como o momento exepcional e suas consequências ainda incertas devem ser encarados. Se vige o distanciamento social, ao menos metaforicamente as mãos se juntam para superar uma crise sem precedentes.

Sentados numa mesma mesa (virtual, como exige a ocasião), patrões e empregados uniram forças numa ação integrada para salvaguardar um dos mais importantes setores da economia do estado - o metalúrgico. E chegaram a uma proposta de consenso que envolve 180 mil trabalhadores, de quatro mil empresas em 150 municípios mineiros. Muitos deles com a atividade siderúrgica como principal fonte de renda.

FIEMG, de um lado; CUT, CTB e Força Sindical, do outro, deixaram de lado eventuais discordâncias típicas das relações de trabalho para construir uma convenção coletiva capaz de conduzir todo o setor ao longo do período que promete ser mais crítico, com uma esperada queda de produção diante da paralisação de setores como o automotivo e o de bens duráveis. Como os dois lados enfatizaram, acima de tudo uma demonstração de crença na capacidade de retomada do pós-pandemia, no rumo de uma normalidade.

Uma demonstração também de maturidade, que se vale dos instrumentos proporcionados pelo governo federal como parte do pacote de estímulo à economia. Porque não há como pensar nos dois lados da equação de forma distanciada. Quem produz, ainda que na indústria de base, precisa do consumidor na outra ponta, depende de um mercado aquecido e o mais distante possível de uma recessão. Quem consome precisa do emprego, da fonte de renda para manter essa mesma economia em um patamar positivo.

Tal capacidade de entendimento e diálogo deve servir de parâmetro a ser alcançado em todos os demais setores, mas também na condução da crise pelos entes públicos. Prejuízo há, e haverá para todos. Efeitos econômicos e sociais também. A união há de ser o motor para deixar para trás as consequências negativas do momento e garantir sua superação total.
 

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