A ideia de que boa parte das pessoas deixa tudo para a última hora aplica-se não apenas a situações clássicas, como a entrega das declarações do Imposto de Renda ou as compras de fim de ano. Também vale para questões cruciais de saúde, como a imunização contra doenças.
Dados de autoridades da área apontam baixíssimos índices de cobertura vacinal, no país e em Minas, principalmente entre o público adulto – homens e mulheres na faixa etária de 20 a 59 anos. No caso, quatro importantes vacinas acabam sendo subestimadas: contra sarampo, caxumba e rubéola (a tríplice viral), difteria e tétano (a dupla bacteriana), hepatite B e febre amarela.
De 1994 até este ano, segundo o Ministério da Saúde, a tríplice viral atingiu no país apenas 4,7% de cobertura entre os adultos. Já a imunização contra a hepatite B chegou a modestos 39,4% de cobertura na mesma faixa etária, praticamente repetindo o percentual da dupla bacteriana (39,9%).
Apenas a vacina contra a febre amarela teve cobertura maior: em Minas, por exemplo, a imunização alcançou, este ano, 90% da população total, índice bem perto da meta, de 95%. O motivo para o sucesso, claro, foi o barulhento surto da doença, que tomou o noticiário por meses e deixou mais de 400 mortos em todo o país. O medo, afinal, muda hábitos.
O fato, porém, é que imunizar adultos tem sido um enorme desafio, no Brasil e no mundo. Em primeiro lugar, porque parece ser senso comum a ideia equivocada, segundo especialistas, de que “vacina é coisa de criança”.
Outro problema é a “taxa de abandono”: quando uma vacina requer mais de uma dose para ter eficácia completa, os pacientes, por desleixo ou desconhecimento, tomam apenas a primeira e não voltam para completar a prevenção.
A falta da carteira de vacinação entre a população com mais de 20 anos também explica a auto-negligência, já que o costume de guardar o documento com o devido zelo não é comum como deveria.
Não custa lembrar que a saúde requer, antes de tudo, responsabilidade e compromisso das pessoas, consigo mesmo e com as outras – o que é, ou deveria ser, característica típica de gente adulta.