Editorial.

Advinha quem paga essa conta?

11/05/2017 às 18:15.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:31

Nesses tempos de crise, o dinheiro está escasso para empresas, trabalhadores (principalmente) e governos. Praticamente todo mundo está no aperto, tentando economizar o máximo possível durante esses tempos de tormenta financeira. Portanto, gastos desnecessários são ainda mais proibidos, se podemos dizer assim. 

Não nos cansamos de dizer que o alto índice de infestação do mosquito Aedes aegypti é culpa, em maior parte, dos próprios moradores, ao não cuidar para evitar focos de reprodução do inseto dentro das próprias casas. E nesta edição colocamos no papel a conta por esse descaso do cidadão consigo mesmo.

O governo de Minas gastou R$ 89 milhões no ano passado no combate ao mosquito que transmite a dengue, a chikungunya, a zika e, a mais perigosa, febre amarela. Dá para custear um hospital. 

Só para combater o mosquito, a Prefeitura de Belo Horizonte gasta R$ 1,2 milhão por mês. O valor é superior, por exemplo, ao déficit mensal do Hospital Sofia Feldman, a maternidade com maior número de atendimentos pelo SUS no país. Em resumo, estamos deixando de oferecer leitos de internação, de fazer cirurgias, ou de atender centenas de gestantes com qualidade e gratuitamente para matar mosquito. 

E governo e prefeitura não são bancos nem emitem dinheiro. Esses recursos vêm do nosso bolso, por meio da cobrança de impostos e taxas. Pagamos por nossa própria ignorância. 

E há ainda o prejuízo difícil de medir, causado pelo custo das internações em si e pelo gasto dos empresários com a falta de um funcionário doente. No caso da chikungunya, cujas dores podem impossibilitar uma pessoa por meses, os empregadores podem ter que contratar uma pessoa a mais para fazer uma substituição, o que gera mais gastos para o negócio. Enfim, esse mosquitinho voando é sinal de dinheiro sendo levado pelo vento. 

Talvez os governos tenham que mandar a conta de todo esse gasto diretamente para as casas onde foram encontrados focos do mosquito, ou aumentar drasticamente as multas, assim como ocorreu com as multas por embriaguez ao volante. Se o cidadão não percebeu quem paga a conta, somos todos. Quem sabe sendo cobrado de forma dupla ele se conscientize que a dengue é um péssimo negócio para toda a sociedade. 

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