Todo mundo já ouviu um dos bordões mais repetidos por prefeitos e vereadores, não importa de qual cidade: “as pessoas não moram na União nem no estado, e sim no município”.
É uma forma de enfatizar que é nos municípios que a eleição tem ainda mais peso e importância. É nas cidades que a relação entre eleitor e eleitos é mais próxima. É onde o cidadão pode experienciar mais de perto todo o processo, bem como sofrer mais diretamente os impactos de uma escolha equivocada.
É bem verdade que os municípios são o motor da microeconomia e, por isso mesmo, refletem ou evidenciam mais as desigualdades. Mas, vale lembrar que o federalismo torto do Brasil traz um viés complicado, colocando a maioria avassaladora das prefeituras quase em total dependência de recursos federais. Bem como das normas e decisões tomadas por Brasília. Aos municípios e seus comandantes resta pouca autonomia, ainda mais quando os caixas estão seriamente desfalcados.
Quase sempre estão, devido à problemas na gestão, vá lá, mas agora há que se considerar também o impacto da pandemia como agravante da saúde financeira das prefeituras.
Terminadas as eleições, tanto quem foi eleito quanto quem vai apenas renovar o mandato terá a partir de janeiro uma série de “abacaxis” para descascar. Afinal, os reflexos da pandemia do novo coronavírus ainda estarão evidentes. Como agravante, o fim de programas de transferência de renda, como o auxílio emergencial, e de manutenção do emprego, como a desoneração da folha de pagamentos, pode complicar ainda mais a situação dos prefeitos.
Menos emprego, menos renda, menos movimento no comércio, menos arrecadação, menos dinheiro para quitar folha salarial e por aí vai.
Oxalá os ventos mudem, mas, por ora, as previsões não são das mais animadoras.