Editorial.

Ainda o metrô de BH e suas mazelas

03/01/2020 às 19:59.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:11

Em oito meses, uma elevação de 122% na tarifa, dos R$ 1,80 para os R$ 4 deste domingo. Algo lógico diante dos 12 anos de valor mantido apesar da elevação dos custos de operação e da necessidade de custeio de um serviço que surgiu nos anos 1980, como uma opção para desafogar o sistema de transporte da crescente capital.

Desde então, a inépcia administrativa nas três esferas de governo; as promessas e verbas alocadas mas não liberadas travaram uma expansão prevista e cada vez mais necessária. Se é importante artéria para boa parte da população, o Metrô de BH segue como arremedo do que poderia ser, sem alcançar a região metropolitana e ampliar suas linhas para além dos extremos atuais (Eldorado e Vilarinho). 

Uma linha ‘reta’ que empalidece quando comparada aos sistemas de outras metrópoles brasileiras – ainda que nem se considere a possibilidade de construção de uma rede subterrânea, alcançando o perímetro da avenida do Contorno, como seria o ideal.

Pois se o caixa da CBTU ganhou o necessário fôlego em 2019 (a estatal é financiada ainda pela publicidade estática e dinâmica nos trens e estações), a única melhora verificada foi a adoção de novas composições, mais modernas, confortáveis, e com ar condicionado. Por outro lado, as condições das estações se deterioram a olhos vistos.

Faltam banheiros (mesmo que pagos); elevadores e escadas rolantes muitas vezes não funcionam, o que atinge especialmente a quem tem mobilidade reduzida.

Que não conta com qualquer alternativa e é obrigado a subir e descer escadas de concreto em condições insalubres. Sem contar as fezes de pombos que emporcalham as estações. Vários trechos da linha exibem condições deficientes de conservação, com detritos no entorno, mato e sinais de descuido.

Tem razão o usuário quando diz que paga caro e não recebe contrapartida à altura. O serviço do Metrô vai muito além dos deslocamentos – começa efetivamente antes de o passageiro cruzar a catraca para embarcar. E, no momento, não atende às expectativas. Em meio a décadas e décadas de promessas não concretizadas, mais do que nunca é hora de pôr mãos à obra. Se não há novas estações a caminho, que ao menos as atuais sejam dignas de uso.

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