Editorial.

Ameaça real ao brasil

13/07/2016 às 18:58.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:17

Um novo indício de que o Brasil pode ser alvo de um atentado terrorista voltou a causar apreensão nas autoridades organizadoras dos Jogos Olímpicos do Rio e na população das cidades que vão sediar eventos, incluindo Belo Horizonte. Desta vez, um relatório da Comissão Parlamentar de Luta contra o Terrorismo, divulgado ontem, informou que o chefe da Direção de Inteligência Militar (DRM) da França, general Christophe Gomart, alertou a integrantes da entidade europeia para o risco de um ataque do Estado Islâmico (EI) contra a delegação francesa durante a competição.

O país europeu tem sido o principal alvo dos últimos ataques da organização terrorista. Em novembro de 2015, 130 pessoas morreram na ação de vários atiradores em bares de Paris. Os franceses sediaram recentemente a Eurocopa, segundo maior torneio de seleções de futebol do planeta, atrás somente da Copa do Mundo, sob um aparato inédito de segurança. A falta de ocorrências do tipo nessa competição lá pode indicar que os terroristas aguardam uma oportunidade, que o Brasil pode fornecer.
Apesar das autoridades brasileiras garantirem que tudo está sob controle, não há como temer a ação de um grupo durante a competição.
Primeiro, naturalmente, pelo nosso nível de preparação que já não seria tão grande em comparação com outros países, pois não temos na nossa história muitos registros de atos de terrorismo.

Segundo, por não darmos conta da nossa própria segurança pública diária. Temos uma das maiores taxas de homicídios do mundo e uma falta de controle notória do comércio de armas de fogo.

Por último, pela própria desorganização ou, no mínimo, pela demora em definir estratégias para conter possíveis ações de terroristas. Afinal, somente no fim do mês passado, menos de dois meses para os jogos, é que o número de homens das Forças Armadas em atuação no Rio de Janeiro e demais cidades foi fechado. Nesta semana, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) se resumiu a divulgar para a população nas redes sociais uma descrição do estilo de como um terrorista se veste e seu provável comportamento.
Convenhamos, homens de casacos pesados - uma das características citadas pela Abin - não devem ser difíceis de se encontrar no início de uma manhã de inverno, por exemplo, em uma rua dos centros de São Paulo ou Belo Horizonte.

O que nos resta é acreditar no discurso das autoridades, como o ministro da Defesa, Raul Jungmann, que garantiu que nenhum suspeito entraria no país por poros ou aeroportos sem o conhecimento do governo. Ou rezar para que o Estado Islâmico se intimide com o nosso aparato de última hora ou que seus integrantes só andem de navio ou avião e não tenham a idéia de utilizar nossas fronteiras com os países vizinhos, carentes tradicionalmente de vigilância. Oremos.
 

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