Editorial.

Aumento da frota em BH gera panorama desafiador

16/03/2020 às 08:58.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:58

Na última década, Belo Horizonte passou por uma modificação estrutural em sua rede de transporte público com a criação do MOVE e seus corredores.

Ao mesmo tempo, a busca por sustentabilidade fez com que muita gente passasse a apostar na bicicleta como principal meio de deslocamento, inclusive com a adoção de uma rede de compartilhamento. O Metrô, é verdade, segue sem a ansiada ampliação que o leve além do percurso entre as estações Eldorado e Venda Nova.

Neste cenário, a frota de automóveis deu um salto de 70% e hoje beira as 2,3 milhões de unidades. O que, na ponta do lápis, é como se cada habitante da capital tivesse seu veículo de quatro rodas; algo que, é desnecessário dizer, está longe de ser a verdade. Computa-se nesta lista as unidades com uso comercial, de empresas, ou de quem, por motivos variados, pode, ou precisa ter mais de um na garagem.

O boom no período até 2015 pode ser explicado pela bonança econômica, que fez com que muita gente se encorajasse a investir na compra de um automóvel (novo ou usado). A partir dali, ocorreu fenômeno contrário, e a elevação do nível de desemprego estimulou a adesão aos aplicativos de transporte particular, então incipientes, hoje uma realidade inquestionável.

Belo Horizonte e suas vias, no entanto, têm limites, que dificilmente podem ser ampliados sem investimentos significativos. Dinheiro que hoje não está disponível até mesmo para projetos menores, como os de extensão da rede de ciclovias e a adoção de novas faixas exclusivas para ônibus.

A não ser que se faça novas desapropriações em avenidas de grande fluxo, o gargalo tende a ser cada vez maior. Assim como o tempo perdido nos engarrafamentos. Foi-se o tempo em que havia um horário de rush pronunciado. Hoje, a capital conta com um trânsito que não precisa de muito para travar completamente. Levantamento feito pela TomTom, fabricante de equipamentos de GPS, estima em seis dias e 10 horas o total desperdiçado por motoristas e passageiros ao longo de um ano com as retenções.

É lógico que a ampliação e a melhoria dos serviços do transporte público favorecem a melhora do quadro mas, sozinhas, não resolvem. A continuar assim, não demorará muito e também BH será obrigada a adotar rodízios para limitar a frota em circulação nas ruas, sob pena de se parar de vez.
 

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por