Editorial.

Bares reabrem, mas é preciso cuidado

02/09/2020 às 20:05.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:26

A sexta-feira marca mais um passo no processo de retomada das atividades em Belo Horizonte, com a permissão de reabertura de bares em horário noturno, incluindo a venda de bebida alcoolica. Quase seis meses depois do decreto municipal que determinou a suspensão do funcionamento dos estabelecimentos do setor - como aliás, de vários outros que, no entanto, puderam abrir as portas antes. Numa cidade que é conhecida nacionalmente pela fama dos botecos e tem neles a expressão maior do encontro animado e da boa conversa, uma verdadeira eternidade, deixando-se de lado os motivos que obrigaram à decisão.

Motivos, no entanto, que não podem ser deixados de lado agora, tanto no que diz respeito ao planejamento e à preparação dos estabelecimentos, quanto por parte dos frequentadores. Dos dois lados, o reencontro deve ser gradual e superar a desconfiança inicial - muitos empresários admitem que preferem esperar mais algum tempo para monitorar a escalada da Covid-19 em BH e evitar investimentos que acabem frustrados por outro recuo forçado. Da mesma forma, ainda há muitos que sequer se sentem seguros para retomar os encontros em família, tanto mais a relação com os bares e seus quitutes.

Vale lembrar que muitos dos negócios do setor não resistiram, também por não conseguir se adaptar à rotina que, no caso dos restaurantes, proporcionou a continuidade das atividades por meio do delivery. E que o processo de reabertura pressupõe investimentos numa estrutura de prevenção e proteção de empregados e clientes, com diretrizes que impõem maior distanciamento entre as mesas, redução de capacidade e, com isso, perspectivas de faturamento menor.

É fundamental encarar a retomada com cautela, ainda que ela não combine necessariamente com a descontração dos bares e os efeitos do álcool (não o em gel). Manter os cuidados que se tornaram universais na tentativa de impedir a disseminação da doença continua sendo decisivo diante de números que ainda impõem preocupação. Como alertam os especialistas, não há vacina, não há remédio com eficácia comprovada e o vírus continua à espreita. Não se pode, de modo algum, ignorar tal cenário.

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