Editorial.

Cadê a vacina contra a falácia?

22/10/2020 às 21:16.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:51



Com as tristes estatísticas de contaminados e mortos no encalço, cientistas do mundo todo correm contra o tempo para desenvolver vacinas contra a Covid-19. Que bom! Nunca se viu tamanho empenho, anúncio de parcerias e investimentos na busca de um imunizante, o que nos dá esperança de já ter, no ano que vem, uma proteção contra o SARS-Cov-2. 

É uma ótima perspectiva, mas ainda assim é mais uma forte esperança – se não de todos, da maioria, ao que parece – de que a humanidade tenha disponível, em tão pouco tempo, proteção contra um agente causador de tamanho estrago. Vacinas costumam levar muitos anos, às vezes mais de uma década, entre a descoberta do patógeno até a efetiva (e segura) chegada aos sistemas de saúde. 

Então, por que diabos já há tanta discussão sobre obrigatoriedade ou não da vacinação no Brasil? Dica: é ano eleitoral. E a mistura de política, saúde e fake news mais atrapalha que ajuda. 

O ministério da saúde anunciou a compra de 46 milhões de doses da vacina desenvolvida pelos chineses em parceria com o Instituto Butantan, que fica em São Paulo, terra de João Dória, ex-aliado e agora desafeto do Palácio do Planalto. 

O ministro foi desmentido. O presidente da República alega não querer imunizante sem aval científico, apesar de fazer larga propaganda de medicação sem eficácia comprovada pela ciência contra a Covid-19. Postura alimenta um conflito com a China, de onde vem celulares, carros, remédios, roupas e muito mais consumidos em larga escala por aqui.

O Brasil também é parceiro em outro estudo, o de Oxford, mas a essa altura, com egos inflados e discursos vazios, isso já quase caiu no esquecimento. Fato é que, enquanto o país bate cabeça com essa eleitoreira guerra política das vacinas, o mundo se prepara para uma imunização em massa. 

Melhor seria, por aqui também, deixar a ciência resolver a questão, longe de achismos e interesses que não sejam, se não o bem de todos, o da maioria.
 

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