Editorial.

Carrancas pelo Velho Chico

02/06/2016 às 06:00.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:42

Você sabia que nesta sexta-feira (3) é comemorado o Dia Nacional em Defesa do Rio São Francisco, o Velho Chico? Quase certeza de que sua resposta foi não. Mesmo sendo o maior rio genuinamente brasileiro e responsável pelo sustento de 15,5 milhões de habitantes do nosso país, a real situação do curso d’água também é desconhecida por muitos que vivem em grandes centros ou cidades não diretamente relacionadas com o São Francisco, assim como a data a ser celebrada nesta sexta-feira.

Nessa quarta-feira (1º), o Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Rio São Francisco lançou a campanha “Eu viro carranca para defender o Velho Chico” direcionada para alertar a população e as autoridades sobre os problemas e importância do rio que atravessa seis estados brasileiros e o Distrito Federal. 

O despejo de esgoto nas águas do São Francisco é o principal problema enfrentado para a revitalização do curso d’água, prometida para ser feita em paralelo à transposição das águas. Um exemplo em Belo Horizonte que afeta o Chico é a alta poluição dos ribeirões Arrudas e Onça. Por quê? Os dois (mesmo 80% tratados) deságuam no rio das Velhas que, por sua vez, deságua no São Francisco. Outras situações semelhantes à que acontece aqui estão espalhadas pelo país.

Vale lembrar para aqueles que ouvem falar muito pouco do Velho Chico que as águas dele são essenciais para irrigar e tornar mais fértil o solo da região do semi-árido mineiro e nordestino. A situação piora mais ainda quando existem longas estiagens como enfrentamos nos últimos anos. A falta de chuvas acaba reduzindo o volume do curso d’água e tirando a “força” do rio.

A campanha, além do alerta à população, propõe um encontro científico nunca antes realizado para debater a situação do rio. O cenário é muito ruim, afirmam especialistas. Para se ter uma ideia de quando profunda precisa ser essa discussão (e também as ações), não há um levantamento da cobertura dos serviços de saneamento básico na bacia do São Francisco.

Embora para a transposição do Velho Chico tenha sido feito todo um esforço financeiro para dar início ao projeto que contempla a construção de proteção de nascentes, cercas para proteção de matas de topo e ciliares, bacias de captação de água de enxurradas e terraços, nada ainda foi feito no sentido de revitalizar a bacia, evitar o despejo de resíduos e investir em saneamento básico. 

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