Na semana passada, reportagem do Hoje em Dia mostrou como, antes mesmo da entrada em operação do sistema Pix de transações bancárias eletrônicas, criminosos virtuais já se valiam dele para induzir pessoas a ceder informações como senhas ou o acesso a contas, por meio de mensagens, links e páginas que reproduzem as reais das instituições financeiras.
Já se chamava a atenção para o fato de que, na onda da disseminação da tecnologia, o ambiente cibernético se tornava alvo preferencial de quadrilhas, apostando na incapacidade de boa parte da população em lidar com dispositivos e suas particularidades.
Nesta edição, há mais um indício preocupante da ação de hackers e da adoção de novos métodos de atuação. Há não muito tempo, era comum o golpe do falso sequestro, em que, de dentro de presídios, condenados afirmavam ter capturado parentes da pessoa contactada, e exigindo valores em dinheiro para sua libertação. O que caiu em desuso tão logo ficou clara a lógica usada para o crime, e diante do fato que, em muitos casos, havia como confirmar a mentira sem grande dificuldade.
Agora, outro foco de ação é o roubo de informações pessoais da memória dos smartphones, para a prática de chantagem e extorsão. Há casos de imagens (fotos e vídeos) íntimas, cuja divulgação violaria qualquer regra de direito à privacidade. Muitas vítimas, até mesmo por vergonha, preferem não denunciar a situação à Polícia Civil que, ainda assim, registra alta de 24% na incidência deste tipo de crime. Algo ainda mais sério considerando que, com a pandemia, o recurso a computadores e smartphones tornou-se ainda mais habitual e necessário.
Como nas demais modalidades de crimes cibernéticos, é necessário investir na segurança dos dispositivos, mas, principalmente, intensificar o combate a tais quadrilhas, numa luta de gato e rato em que sempre será necessário evoluir para tentar neutralizar a ação golpista. E tornar a legislação ainda mais rigorosa no que diz respeito a tipificação e punição dos envolvidos. Apenas desencorajando tais práticas elas deixarão de fazer parte de um novo cotidiano - este não causado pela pandemia, mas pelo desenvolvimento tecnológico.