Editorial.

De olho nos ‘desbancarizados’

03/11/2020 às 22:22.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:56

Quem ainda não entendeu do que se trata, nunca ouvir falar ou mesmo está escolhendo ignorar os anúncios - do próprio banco ou não - por achar que assim o assunto vai morrer em breve, está enganado. 

O Pix, novo sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, entrou ontem em operação. Por enquanto, apenas para um grupo de 1% a 5% dos clientes de cada instituição financeira aprovada a operar a ferramenta, mas até o fim do mês já será ampliado. E até o fim do ano, certamente, ainda muito se falará da novidade, considerada grande inovação do sistema bancário brasileiro.

Os bancos estão investindo alto na divulgação do serviço que promete ser mais barato, mais fácil de usar e mais rápido. Vale lembrar que um deles “desenterrou” a atriz Ana Paula Arósio. Após anos e anos reclusa, ela virou garota-propaganda do Santander para anunciar as vantagens de aderir aos pagamentos digitais.

O que os bancos ganham com isso, se o serviço para o correntista pessoa física é gratuito. Bom, de fato o Pix foi desenhado para sepultar de vez o TED e o DOC. É na verdade, uma evolução dessas duas modalidades de transferência de recursos. A primeira opção demorava até 24 horas para “bater” na conta do favorecido; a segunda já facilitou bastante, mas com a limitação de só estar disponível para transações em dias úteis e até 17h. Com o Pix, levará apenas alguns segundos para a validação e será possível utilizar o serviço nos fins de semana, em qualquer horário.

Mas bancos nunca perdem dinheiro. Por isso, não brincam em serviço. A digitalização total do serviço não diminui custos apenas para usuários. O Banco Central vai cobrar dos demais bancos um centavo a cada dez transações via Pix. Nas modalidades anteriores saía a até sete centavos por operação.

Não demora muito também para que os boletos de cobrança em papel sumam do mapa. Outra economia. Além disso, a tendência é que cada vez mais pessoas reúnam pagamentos, conta-corrente e investimentos em uma única instituição financeira, onde muita coisas já é resolvida sem que se precise colocar os pés numa agência bancária, apenas acessando o aplicativo, o que explica as campanhas de pré-cadastro: maior chance de conquistar novos clientes. Até porque, para incluir essa facilidade no dia a dia, o cidadão precisa usar os serviços de uma instituição de pagamento ou Fintech, como Mercado Pago ou Ame. Cerca de um terço dos brasileiros ainda não tem conta corrente, o que os torna alvo da cobiça dos bancos. 
 

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