É inegável que a pandemia de Covid-19 deixa um rastro de consequências econômicas indesejadas, provocado pela necessidade de suspender as atividades de alguns setores, o que, a reboque, trouxe um aumento no número de empresas que fecham as portas e no de postos de trabalho fechados. Algo que tende a criar um cenário de recessão, com menor volume de dinheiro em circulação e os hábitos de consumo revistos para baixo. Por outro lado, o passar dos meses desde a decretação do estado de calamidade constrói uma realidade que, se não positiva, se mostra menos assustadora do que inicialmente previsto.
Como mostra reportagem nesta edição, após o mês de abril, que pode ser considerado, do ponto de vista da atividade econômica, o auge da crise, os sinais de retomada começaram a ser identificados em Minas. A ponto de levar a equipe econômica do Estado a rever, para baixo, a previsão de déficit das contas em 2020 - dos R$ 7,5 bilhões cogitados a menos traumáticos R$ 5 bilhões. E indicadores como o consumo de energia e as emissões de notas fiscais se mantêm em patamares bastante interessantes tendo em vista as condições excepcionais.
Na prática, uma mostra de que muitos empresários e empresas conseguiram, dentro do possível, se adaptar de forma rápida aos novos tempos, apostando nas vendas pela internet e aplicativos. Também consequência de uma pauta de exportações que ainda hoje se concentra na extração mineral e na agropecuária, ambos já fortemente demandados nos países que vivem uma desaceleração no número de casos do novo coronavírus.
Mineiramente, é adequado acreditar e trabalhar pela retomada sem perder a cautela habitual. E não se deixar levar pelo retrato de momento, que ainda não pode ser enquadrado como uma tendência duradoura. Mas é inegável que números e indicadores positivos ajudam a criar um clima favorável para um esforço de recuperação. Há uma conta que tende a ser cobrada pelos próximos anos até que se retome valores de arrecadação e investimentos à altura dos registrados antes da pandemia. E há muito por fazer até que seja possível deixar totalmente para trás, do ponto de vista econômico, um período da História que ficará eternamente marcado.