Editorial.

E agora, governo Temer?

24/05/2016 às 08:16.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:35

A sustentação do governo de Michel Temer é necessária para se dar tranquilidade ao país na retomada do crescimento. A crise no Brasil não se compara à da Venezuela, onde já faltam alimentos, mas nem por isso o país pode descuidar de empreender tarefas em busca de uma solução imediata. A queda do ministro do Planejamento, Romero Jucá, depois da gravação revelada no dia em que o novo governo explicava ao Congresso Nacional a nova meta fiscal, com o déficit de R$ 170 bilhões, fez muito mal à nova gestão.

Embora sete ministros da administração interina de Michel Temer já tenham começado o trabalho no Planalto como investigados na operação “Lava Jato”, a revelação da conversa de Jucá com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado colocou dúvida sobre o discurso anticorrupão do novo e provisório governo. Certamente os petistas se sentem fortalecidos com esse tipo de revelação, mas, na prática, isso pouco ou nada interfere na situação da presidente Dilma Rousseff, que vai percorrendo o país em busca de apoio. 

Para o líder do PT na Câmara dos Deputados, Afonso Florence, as gravações da conversa entre Romero Jucá e Sérgio Machado mostram nitidamente que havia um golpe em curso. Havendo ou não, temos um país desgastado politicamente, interna e externamente. O processo de impeachment de Dilma não é o único fato nessa ebulição que tomou conta de Brasília. Importa que a democracia siga seu caminho, com os Poderes, bem ou mal, funcionamento de forma independente. É bom lembrar que em outros países não há sequer a certeza de cumprimento das decisões do Judiciário. Mas isso não basta, logicamente, para garantir a tranquilidade de que necessita o setor privado, considerando tanto os empresários quanto os empregados. 

A República treme a cada revelação, a cada passo da operação “Lava Jato” – que deve atingir de forma mais aguda o PSDB. Os brasileiros, sejam os que defendem a permanência dos programas sociais e se preocupam com as anunciadas alterações na Previdência Social e nas leis trabalhistas, sejam os que veem nas medidas neoliberais de Michel Temer a única saída possível no momento, ficam mais apreensivos com o vai e vem das denúncias dessa operação da Polícia Federal. 

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