Editorial.

É hora de honrar compromissos

06/06/2018 às 22:57.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:28

A paralisação dos caminhoneiros, que deixou o país e Minas Gerais à beira do caos por dez dias, entre o fim de maio e o início deste mês, foi encerrada graças a um amplo acordo firmado pelo governo federal, que aceitou item por item a pauta de reivindicações da categoria.

Passado o sufoco, com a paulatina retomada da normalidade nas cidades e no campo, espera-se, agora, o cumprimento do que foi prometido, até sob pena de os motoristas engatilharem novo movimento – algo que alguns deles já vêm discutindo, pelo menos nas redes sociais.

Fato é que os impactos sentidos pelos brasileiros, no angustiante período de greve, não podem se repetir. Ainda mais em um país que luta, a duras penas, para sair definitivamente da recessão, iniciada em 2015. 

Só em Minas, segundo a Federação das Indústrias do Estado (Fiemg), os prejuízos decorrentes da greve já chegam a quase R$ 12 bilhões – sendo R$ 2,5 bilhões apenas nas empresas associadas à entidade. E são efeitos que devem perdurar por um bom tempo, segundo especialistas, comprometendo ainda mais as projeções de crescimento do PIB nacional e estadual e, pior, ameaçando o ritmo da retomada de empregos.

O que se vê nos últimos dias, contudo, é preocupante. A redução dos preços do diesel nas bombas, de R$ 0,46, ainda não chegou efetivamente aos postos. Por outro lado, fala-se em rever tópicos importantes do acordo com os grevistas, caso da tabela mínima fixada para os fretes, cujo cálculo inicial é contestado pelos produtores rurais. 

Em outra frente, importantes segmentos industriais, como o da siderurgia, questionam a compensação encontrada pelo governo para a retirada de impostos incidentes sobre o óleo diesel. O corte nas alíquotas do Reintegra, de incentivo fiscal a exportadores, e a reoneração da folha de setores como a indústria da transformação são vistos como danosos às empresas, que perdem competitividade, e à própria sociedade, que deixa de se beneficiar de volumes maiores de impostos que elas recolhem.

O momento é de pulso firme das autoridades governamentais envolvidas na solução da greve. Devem honrar o que assumiram com os caminhoneiros e, ao mesmo tempo, evitar que as emendas encontradas para encerrar o movimento façam desandar o soneto da economia.

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