Editorial.

É preciso falar sobre bullying

23/10/2017 às 20:21.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:21

O bullying é uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais estudantes contra um ou mais colegas. 

As informações ainda são desencontradas, mas declarações feitas por policiais que atenderam a ocorrência dão conta de que o ataque do adolescente autor dos disparos que mataram dois estudantes e feriram outros quatro no Colégio Goyases, escola particular de ensino infantil e fundamental, em Goiânia, na última sexta-feira, teria sido motivado, sim, por bullying sofrido na sala de aula. 

O autor dos disparos é filho de um major e de uma sargento da Polícia Militar. Apesar da pouca idade, sabia como gente grande manusear uma arma de fogo. 

Colegas relataram que o menino, que viria a se tornar um assassino, era chamado de “fedorento” pelos colegas. Segundo os estudantes, era um adolescente calado. O estopim para a violência teria sido um desodorante que recebera de “presente”. 

A mãe de um dos meninos que perdeu a vida fez um desabafo emocionado nas redes sociais. Pediu para que não julgassem seu filho ou sua família. Afirmou que sempre criou os três filhos com empenho. “Nós e a escola sabemos que não foi assim. Somos pais presentes, disponíveis. Respeitem nosso luto, somos humanos, falhos, gente que tenta acertar todos dias”, escreveu. 

Fato é que o bullying acontece diariamente e é parte da rotina em escolas públicas e particulares de Belo Horizonte e de todas as cidades brasileiras. Com um agravante. Diferentemente do que ocorria no passado, quando a agressão ficava restrita aos muros da escola, hoje ela continua depois do encerramento da aula. Com o advento do celular, da internet, do Facebook, do WhatsApp, as ofensas não cessam. Não há trégua. E ganham proporções tremendas, incalculáveis e extremamente danosas para a mente humana. 

Acontece que as ações de prevenção ao bullying e combate e punição para os envolvidos não acompanharam a evolução e os meios de ataques. Só casos extremos chegam à tona e ganham repercussão. Enquanto isso, milhares de crianças e adolescentes perseguidos sofrem calados. Sem apoio. É preciso tocar a ferida e falar sobre o assunto.

  

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