Editorial.

Eleição trava verba de obras contra as chuvas

09/09/2020 às 08:56.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:29

A pandemia de Covid-19 trouxe efeitos tão intensos e amplos que o cidadão de Belo Horizonte talvez não se lembre que, já este ano, outra tragédia de grandes proporções assolou a cidade. As chuvas dos primeiros meses do ano superaram todos os recordes históricos, levaram vidas e patrimônio e, acima de tudo, mostraram que a estrutura de escoamento e direcionamento das águas na capital mineira está defasada para o arranjo habitacional da metrópole. A ponto de exigir intervenções significativas, de grande monta financeira, e um prazo razoável para conclusão. 

Desde o primeiro momento o entorno da Avenida Vilarinho, em Venda Nova, se tornou o ponto de partida do planejamento, por ser foco de transbordamentos muito antes do cenário desesperador que se viu recentemente. Nesta terça-feira, finalmente o acordo de financiamento com recursos da Caixa Econômica Federal para esta primeira fase foi assinado, com o anúncio de repasse de R$ 200 milhões.

Se uma primeira iniciativa esbarrou na falta de soluções viáveis, desta vez o projeto leva em conta todos os aspectos necessários para mitigar as ações das chuvas e reduzir seus impactos. As obras se constituirão de dois reservatórios (piscinões) capazes de acumular volumes elevados de água e permitir seu escoamento de forma controlada. Algo que, de acordo com as previsões mais otimistas, estará disponível 36 meses depois do início dos trabalhos nos locais escolhidos.

Não seria o caso de contar com algum benefício das ações já no próximo período chuvoso, é bem verdade, mas a confirmação de que o dinheiro só será liberado após as eleições municipais de novembro mostra como a legislação, embora pautada pela cautela, traz distorções preocupantes. Tem-se não uma intervenção eleitoreira, mas um conjunto de obras de caráter urgente e emergencial, que não deveria esperar mais do que o essencialmente necessário. Felizmente boa parte da preparação vem sendo levada a cabo, de modo a que não se perca ainda mais tempo diante de uma questão tão necessária para BH. Não se pode apostar apenas no fato de que tal volume de precipitações, na teoria, não ocorreria novamente nos próximos anos. É preciso se preparar para o pior.

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