Editorial.

Faltam leitos e respeito ao isolamento social

02/07/2020 às 09:13.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:55

As últimas atualizações da ocupação de leitos de UTI na capital mostram, de forma contundente, como a curva de contágio na cidade entrou em seu maior estágio. O que há não muito era uma situação sob controle se colocou perigosamente próximo do colapso, apesar do esforço do poder público em equacionar uma estratégia de enfrentamento da pandemia que responda de forma satisfatória à demanda. Em apenas um mês, como mostra esta edição, houve aumento de 138% no que diz respeito às unidades públicas de saúde, ainda que se observe um esforço coletivo para a ampliação do atendimento intensivo.

Cenas antes vistas apenas em outras capitais, com filas e correria em busca da internação adequada, começaram a ser verificadas em Belo Horizonte, de modo preocupante. A ponto de o próprio prefeito Alexandre Kalil sinalizar a possibilidade de a PBH assumir leitos na rede particular, como medida de desafogo.

Como bem explicaram os especialistas que integram a comissão de suporte às decisões municipais, não se trata apenas de vontade, ou questão financeira. A criação de um leito demanda profissionais qualificados; treinamento e capacitação, e um equipamento de precisão - no caso da Covid-19, o fundamental, neste momento, é o respirador, que garante a ventilação dos pacientes em estado grave.

Ocorre que todas as peças do quebra-cabeças não se encaixam com perfeição diante do cenário excepcional. Muitos dos respiradores, disputados de forma feroz por países, estados e cidades, ainda não chegaram, embora adquiridos. Falta medicação fundamental para o atendimento - em meio à cobrança por um envolvimento do Ministério da Saúde de modo a resolver a questão-, e também não há especialistas (intensivistas, enfermeiros e pessoal de apoio) para uma demanda inflada pela pandemia. 

Diante de tais limitações, reforça-se a necessidade das medidas de isolamento social, à espera de um quadro mais positivo. Não há outra forma de levar a curva de contágio à esperada queda, reduzindo a pressão sobre o sistema sanitário.

Até agora, todos os que demandaram atenção foram acolhidos. É imperativo que continuem a ser. E isso vai muito além da disponibilidade de leitos.

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