Editorial.

Idosos, ‘laranjas’ da família

23/06/2016 às 06:00.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:00

O número de idosos inadimplentes vem numa crescente preocupante em todo o país. Dados da Serasa Experian, de novembro do ano passado, já mostravam que quase um terço da população com 61 anos ou mais estava com cadastro negativo gerado por dívidas não pagas, tanto bancárias (financiamentos de carros e imóveis) quanto de contas básicas como luz, água e telefone.

Agora, pesquisa recém-saída da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte revela um cenário ainda mais sério que este. A inadimplência entre os idosos de Minas Gerais registrou alta de 13,6%.

A maior quantidade de idosos negativados está nesta situação pelo crédito consignado, amplamente oferecido a esse segmento da população e de totalmente acessível. Fechar negócio com alguém que tem um salário fixo até o fim da vida e não corre o risco de ficar desempregado é o maior atrativo para as empresas que oferecem dinheiro.

No entanto, o estudo da CDL apontou que, desta vez, foi a falta de planejamento na hora de utilizar o cartão de crédito que motivou o descontrole das finanças.

O que acontece é que, com a inflação e o desemprego em alta, muitos acima dos 60 anos acabam contraindo empréstimos a pedido de familiares para colocar em dia as contas da casa. Porém, apesar de querer ajudar a família, o idoso não consegue honrar com as parcelas e acaba por ficar impedido de obter mais crédito. E é aí que a bola de neve começa a se formar... quem já deveu bancos e/ou financeiras que o diga.

Reajustes de planos de saúde e preços de remédios acima da inflação contribuem para que o aperto financeiro seja mais rigoroso para a Terceira Idade

Ao chegar na Terceira Idade, parece que os gastos reduzem, já que não há filhos para criar, os desejos de consumo diminuem e a vida social perde um pouco o ritmo.

Mas, se engana quem pensa assim e acaba transformando o idoso em uma “instituição bancária”. É nesta fase da vida que as pessoas têm planos de saúde mais dispendiosos e consomem mais medicamentos, que são produtos constantemente reajustados e custam caro até para quem pode pagar.

Nesse sentido, é aconselhável que todo brasileiro pense como vai querer envelhecer em um país que vive de altos e baixos econômicos e sofre com a desvalorização da experiência e sabedoria dos mais velhos. É uma nação que ainda acredita que a força de trabalho da juventude é a única determinante para tocar um negócio de sucesso.

Começar desde já a criar um planejamento financeiro e pensar em não depender somente do INSS. Buscar um bom motivo para continuar trabalhando também não é má ideia. Com o aumento da expectativa de vida no Brasil, aos 60 anos as pessoas estão em plena capacidade mental e física para dar sua contribuição para o crescimento da economia. Pensemos nisso!

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