Editorial.

Investimento mínimo perto do prejuízo

10/02/2017 às 19:53.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:51

Os prejuízos à saúde da população causados pelo consumo de cigarro são inegáveis e provados cientificamente. Até os fumantes sabem muito bem. Por isso, falar para um consumidor de tabaco que o hábito dele faz mal é chover no molhado, pois muitos já passaram do momento em que largar o cigarro é uma questão de uma simples escolha. É necessária ajuda especializada e muito apoio de familiares e amigos mais próximos.

Da parte da saúde pública, não precisa ser um especialista em gestão para, após analisar os custos que o cigarro provoca na rede de assistência, ter uma boa noção de que dá para montar algum serviço de ajuda para que o consumidor de cigarros largue o vício. 

Mostramos na edição de hoje que os planos de saúde particulares já fizeram essa conta e vem alcançando números interessantes que podem projetar uma economia significativa de dinheiro em um futuro não tão longo. O índice de pessoas que conseguem deixar o fumo após participarem de grupos criados pelas operadoras para este fim chega perto de 50%, e outros 40% conseguem, pelo menos, reduzir o consumo de forma significativa. 

Somente no Brasil, os males do cigarro custam para o nosso bolso R$ 23 bilhões anuais. Qualquer programa semelhante aos dos planos de saúde, que tenha orçamento de R$ 1 bilhão, por exemplo, para contratar médicos e outros profissionais de saúde especializados, seria um sucesso se impactar 90% do público-alvo. Há muitos outros programas em áreas diferentes que custam bem mais que isso e com resultados bem mais tímidos. 

O que o governo federal, que coordena o Sistema Único de Saúde, precisa é de uma visão clara de longo prazo, sem se preocupar em resultados imediatos – embora seja possível que ocorram. Talvez os próprios planos de saúde poderiam disponibilizar o atendimento para todos, recebendo uma remuneração adequada por paciente. 

Mas essa não é a característica dos nossos governantes. Um programa nacional anti-fumo não daria uma visibilidade no curto prazo, muito menos vídeo para ser usado em campanha eleitoral. Além disso, seria decretar a falência de um setor da economia, perdendo outros bilhões em receita. Mais aí é uma questão de escolha do que vale mais, o dinheiro no caixa ou os corpos no caixão. 

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