Lei protege criminosos do trânsito

Os automóveis que nos transportam para quase todos os lugares do país podem ser verdadeiras armas quando comandados por pessoas inescrupulosas e violentas. Dentre as irresponsabilidades cometidas no trânsito, dirigir pela contramão de direção talvez seja a maior delas. Embora a Justiça não entenda assim na maioria das vezes, quem circula com um carro em sentido contrário ao permitido pela via assume claramente a possibilidade de provocar um acidente que pode acabar com a vida de alguém. 

E isso é rotina na capital. Conforme levantamento que divulgamos nesta edição, são 12 pessoas flagradas na contramão por dia na capital mineira. As tragédias, inevitavelmente, seguem a estatística. 

Na última sexta-feira, um adolescente de 16 anos morreu ao ser atropelado por um carro que circulava na contramão e, por isso, foi atingido por um outro veículo que transitava corretamente pela via. No fim de semana, foi a vez de um motorista morrer ao ser atingido por um carro em pleno Complexo da Lagoinha, um dos viadutos mais movimentados da capital mineira, na região central da cidade. 

Quem não se lembra da morte de uma jovem quando o carro em que estava foi atingido por outro que subia o Anel Rodoviário na contramão, na altura do Buritis? E há ainda o caso do jovem que, em sentido proibido, subiu a Raja Gabaglia, bateu de frente contra  outro carro e matou um comerciante que acordara cedo para ir ao Ceasa. 

O que está por trás de tudo isso é a sensação de impunidade que temos no trânsito. Todos sabem que, se algo grave ocorrer, não serão punidos de imediato, ou responderão em liberdade até o povo esquecer e os advogados desqualificarem a acusação para um crime culposo. 

Provocam a morte de uma pessoa, desgraçam com a vida de famílias e saem pela porta da frente de uma delegacia, como ocorreu com o caso do Complexo da Lagoinha. 

A culpa está na lei. Ela é branda e permite que assassinos vivam impunes. Enquanto um desses criminosos não for para a cadeia e passar um bom tempo lá, vamos sempre ter casos de mortes de forma completamente estúpida e evitável. Resta-nos somente torcer para que não ocorra com a gente.