Editorial.

Mais do que uma disputa ideológica

09/10/2020 às 18:59.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:45

Como mostra reportagem nesta edição, a lista de candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte atravessa todo o espectro ideológico da política atual, não sem revelar algumas incongruências entre posições individuais e trajetória das siglas. Que, a bem da verdade, e salvo exceções históricas, hoje se encontram numa região pantanosa e indeterminada no que tange a propostas e posicionamento. Tem-se bem mais uma representação de grupos e forças do que a adesão a posturas coerentes e inquestionáveis. Algo que se nota de forma ainda mais intensa na disputa municipal, quando a formação de coligações locais por vezes ignora a lógica. 

E gera aliança entre inimigos ferrenhos nos níveis estadual e federal. Não vão tão distantes os tempos em que germinaram fenômenos como o ‘Lulécio’, que supunham apoio a legendas antagônicas.

Os tempos atuais, no entanto, chamam a atenção por uma perigosa polarização, que supera as raias do debate político e ganha ares de perseguição ou desrespeito entre os opostos. Na história recente da jovem capital, houve administrações boas e menos boas que não dependeram da bandeira ideológica, mas, muito mais, da coerência e da vontade de trabalhar de quem ocupou a cadeira principal na PBH. No caso das bem avaliadas, levaram em conta minorias e maiorias, menos e mais favorecidos e não se deixaram contaminar por ranços ou algum espírito de vingança. 

O que muitos políticos pelo país insistem em ignorar, aliás, é o fato de que não se governa apenas para quem os elegeu. O conceito de maioria, na urna, muitas vezes é relativo e denota, principalmente, equilíbrio, com leve tendência para o lado vencedor. Assim como não se pode criar distinção de qualquer ordem sobre quem seria mais ou menos cidadão. Gênero, cor, origem, condição financeira, instrução, religião; nada disso pode dividir, hierarquizar ou condicionar a ação do poder público.

Há características que se espera e exige de um agente público que vão além da orientação ideológica que defendam: honestidade, retidão, capacidade de diálogo e mobilização, espírito empreendedor e qualificação técnica de sua equipe para atender às demandas da cidade e de sua população. Estas sim são requisitos fundamentais e devem pautar sua atividade. E não se pode, sob qualquer hipótese, ignorar o Artigo I da Constituição Federal: “Todo o poder emana do povo, e em seu nome deve ser exercido”.
 

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