Editorial.

Mais uma lição da pandemia

09/04/2020 às 20:45.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:14

A crise mundial desencadeada pela pandemia do novo coronavírus expõe um cenário que deveria servir de lição para o Brasil, e não só. Algo que diz respeito a duas faces distintas da globalização, menos em termos de saúde (a facilidade de deslocamento que se transformou no principal vetor para a disseminação da Covid-19)e mais do ponto de vista econômico.

As facilidades comerciais, de transportes e de negociação acabaram por transformar boa parte do mundo capitalista em totalmente dependente da indústria chinesa, assim como, em alguns aspectos, da de outras nações em específico. Foi necessário um cenário de necessidade expandida para que se desse conta de como artigos de confecção relativamente simples como as máscaras de proteção facial, tanto quanto outros mais elaborados - caso dos respiradores artificiais -, e ainda insumos ora tão fundamentais só existem, na escala necessária, no país mais populoso do planeta. Ainda que se consiga importá-los nos números desejados, esbarram em uma série de obstáculos logísticos e burocráticos que atrasam, encarecem e dificultam seu aproveitamento no tempo necessário. Da mesma forma, descobre-se que é preciso contar com a Índia para obter matéria-prima capaz de acelerar a produção de drogas a serem experimentadas no enfrentamento ao vírus.

É consenso que a pandemia será superada, mas certos gargalos econômicos seguirão ocorrendo. Enquanto insistir num perfil extrativista/primário para sua pauta de exportações, o país seguirá à mercê de acontecimentos do gênero, de mãos atadas diante da necessidade de responder com presteza. E incapaz de também oferecer sua colaboração internacional em momentos do gênero.

Tecnologia e capacidade existem; assim como condições para desenvolver segmentos industriais e comerciais que favoreçam a menor dependência internacional. Ainda que em determinadas condições seja mais cômodo e barato apostar na importação, jamais conseguiremos mudar tal perfil sem incentivo adequado; identificação de oportunidades estratégicas e investimento, especialmente público. É fundamental diversificar o leque industrial, estimular a inovação. E isso passa necessariamente por Minas Gerais. Que precisa de muito mais no longo intervalo que separa a simplicidade do minério da capacidade criadora das startups.
 

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