Editorial.

Máscara não é salvo-conduto

22/04/2020 às 19:51.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:20

A quarta-feira foi o dia da entrada em vigor, em Belo Horizonte, do decreto municipal que exige o uso da máscara de proteção em locais e instalações públicas, numa tentativa de frear a disseminação do novo coronavírus. Na prática, optou-se, de forma acertada, por determinar algo que vinha sendo feito apenas por parte da população, muito embora as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) a este respeito fossem claras: toda e qualquer forma de proteção devidamente aplicada é fundamental em meio às ações de enfrentamento.

É necessário deixar claro, no entanto, um aspecto que, embora maciçamente divulgado pela imprensa e ressaltado por especialistas, nem sempre é levado em consideração pelas pessoas. O uso de um anteparo facial é, acima de tudo, uma forma de evitar que pacientes assintomáticos ou sem diagnóstico confirmado infectem a outros. O fato de estar com a máscara não necessariamente, por si só, diminui o risco de ser atingido pelo vírus.

É preciso ter em conta, ainda, que se trata apenas de parte de um arsenal de medidas que não devem ser relaxadas ao menos por enquanto - o distanciamento social, a higienização constante das mãos, a proteção dos grupos de risco e dos profissionais essenciais, que não podem ficar em casa por conta do trabalho exercido. E que de nada adianta ter nariz e boa cobertos se a negligência com os demais aspectos potencializa o risco de transmissão.

Não deve a máscara constituir, ainda, incentivo para que as pessoas deixem suas casas além do estritamente necessário, ou se considerem de certa forma imunes em meio a um cenário que ainda inspira preocupação e cautela. A própria decisão de estender o período de quarentena na capital é um indício de que estamos distantes de um cenário de normalidade, tomando por base as análises e avaliações dos especialistas em saúde. E não há como estabelecer parâmetros em outras cidades ou regiões que tenham afrouxado as normas do confinamento. Trata-se de realidades (ou abordagens) distintas, não necessariamente fadadas ao sucesso.

Entende-se a ansiedade crescente e o desejo de retomar uma rotina, mas não podem estes atropelar um planejamento cuidadoso, que leva em conta também a participação de cada cidadão. Apenas com todos fazendo sua parte esse dia se aproximará mais rapidamente, e com menor temor de reviravolta.

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