Editorial.

O que devemos temer?

07/06/2016 às 06:00.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:46

Aos poucos, quem apostou que a saída da presidente Dilma Rousseff tiraria o Brasil automaticamente da crise vai percebendo que o pensamento era um tanto quanto utópico. As últimas notícias relacionadas ao governo Michel Temer têm deixado o brasileiro com o pé atrás.

Um exemplo é o corte de 38% nas verbas da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), que atende a cinco praças em todo o país (incluindo Belo Horizonte). A matéria sobre o assunto pode ser conferida na página 20 desta edição.

De acordo com o governo federal, em 60 dias não haverá mais dinheiro para custear a energia elétrica e o óleo diesel. Uma prova de como os cenários econômico e político do país estão ainda em plena turbulência, sem sinais de arrefecimento, e afetando diretamente o dia a dia de quem sempre “paga o pato”: a população.

Um outro fato é a manutenção, pelo presidente interino, dos cargos do ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, do advogado-geral da União, Fábio Medina Osório e da secretária especial de Políticas para as Mulheres, Fátima Pelaes. 

Alves é investigado pela operação “Lava Jato”, Fátima pela operação “Voucher” e Osório teria utilizado irregularmente avião da FAB (e nos bastidores a notícia é que Temer não estaria satisfeito com a atuação dele à frente da AGU), e existe uma pressão interna (em Brasília) e nas redes sociais para que o governo Temer seja composto de pessoas idôneas, “ficha limpa”, comprometidas com o Brasil. 

Em mais uma semana que não começou nada bem para o novo governo, o presidente em exercício, após reunir-se com Eliseu Padilha, ministro-chefe da Casa Civil, dará “um voto de confiança” para os três. Acontece que o entra e sai de ministros, e outros atos vai-e-vem de Michel Temer têm trazido ao brasileiro sentimentos como desconfiança e desesperança em um futuro promissor para o país nos próximos anos.

A repercussão internacional também não é boa, a exemplo do editorial do “New York Times”, um dos maiores e mais respeitados jornais do mundo. A publicação destaca que a fala de Temer soa vazia quando afirma que não impedirá a continuidade da “Lava Jato”, mas se cerca de ministros que são investigados pela maior operação policial já vista contra a corrupção no Brasil.

Muitos acreditavam que o afastamento de Dilma colocaria a “máquina” do Brasil para funcionar, como se fosse a semana seguinte ao Carnaval, quando o país definitivamente começa a trabalhar. Mas a coisa, infelizmente, está muito longe de ser assim. 

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