Editorial.

Pandemia começa a levar economias

13/07/2020 às 21:19.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:01

Vários são os modos de constatar os impactos econômicos provocados pela pandemia de Covid-19 no Brasil, pelos dois prismas: o de quem empreende, gera empregos e se vê num momento delicado; mas também o de quem tem na força de trabalho o ganha-pão. 

Com a agudização do cenário em termos de fechamentos de negócios, postos de trabalho suprimidos e setores comprometidos como consequência do isolamento social e das restrições à circulação, muitos dados preocupantes foram divulgados nos meses anteriores, enquanto outros apenas agora ganham a luz.

Caso da pesquisa desenvolvida pela Fundação Getulio Vargas que constata que quatro entre cada 10 brasileiros foram obrigados a recorrer às economias. Se uma parte menor deste contingente pode se dar o luxo de aproveitar as oportunidades embutidas na crise (caso dos imóveis, por exemplo) ou mesmo rever o destino do montante poupado num cenário de juros à mínima histórica e investimentos que, por conta do revés econômico global, deixam de ser atrativos momentaneamente.

A grande maioria, no entanto, se vê mesmo obrigada a recorrer ao que juntou de forma mais ou menos disciplinada para cumprir com os compromissos imediatos, diante do cenário de demissão, redução salarial ou, no caso de pequenos empreendedores, da queda da demanda. Não são poucas as atividades econômicas inviabilizadas por seu caráter essencialmente presencial, o que ainda depende da redução da curva de contágio da doença para uma expectativa de retomada.

Tal poupança, entretanto, tem duração limitada à capacidade de reserva de recursos de cada um, logicamente mais limitada para as classes menos favorecidas. O que expõe, mais uma vez, a importância de se pensar em ações consistentes de médio e longo prazo. Não apenas em termos de auxílio financeiro por parte do governo federal, mas de apoio por meio de qualificação e de programas de estímulo a novos empreendimentos. 

Não há como falar em recuperação econômica que não passe por todos os segmentos envolvidos. É preciso haver renda para alimentar o consumo, o que, por sua vez, vai provocar o esperado reaquecimento, trazendo a reboque a geração de empregos e oportunidades.

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