Quem mora em Belo Horizonte há três ou quatro décadas é testemunha do ritmo assustador com que a cidade foi se expandindo. Boa parte das áreas verdes foram ocupadas por grandes empreendimentos imobiliários que, no início, não tinham muita preocupação de reservar um espaço para vegetação natural.
Somente nos últimos anos houve uma preocupação maior do poder público em recuperar alguns desses locais, mesmo aqueles parques menores, nas periferias, que passaram muito tempo degradados. Mesmo assim, são raros os espaços em que podemos ir com a família respirar um ar menos poluído e que não sejam cercados por grandes edificações.
Mas algumas das principais áreas verdes estão indisponíveis para a população belo-horizontina neste momento. Mostramos na edição de hoje que pelo menos cinco grandes parques estão fechados ou têm visitação reduzida. O problema afeta três reservas que recebem milhares de visitantes todos os meses, como o Jardim Zoológico, o Parque das Mangabeiras e o Parque Ecológico José Lins do Rego, na Pampulha.
A prefeitura alega questões de saúde para a maior parte das interdições, como no caso do Mangabeiras, onde foram encontrados primatas mortos supostamente por febre amarela. Realmente, fazer com que o visitante usufrua do equipamento sem riscos é o principal.
É inegável também que houve falhas na gestão em alguns casos. Um dos principais pontos de lazer da cidade não pode ter o funcionamento paralisado porque a validade de uma licitação se encerrou, como ocorreu com o zoológico. Isso é o básico, e dá para perceber durante a transição de um governo para outro.
Não dá para acreditar que alguém não tenha pensado em fazer um pedido ao Ministério Público para estender um pouco mais o contrato até que a nova concorrência fosse completada. Infelizmente, fechar o local por alguns dias da semana acaba sendo a medida mais fácil de ser tomada, a mais cômoda e, de quebra, a que gera uma boa economia.
O cidadão é que deve se virar para arrumar outro lugar para levar a família em um dia de lazer, mesmo com a cidade possuindo locais mantidos com dinheiro do imposto que ele paga. Entre as várias soluções possíveis, escolhe-se, claro, a que prejudica o povo.