Contra fatos, não há argumentos. E os fatos relativos às intenções do Palácio do Planalto para com o Minha Casa, Minha Vida (MCMV) deixam o brasileiro confuso.
O Ministério das Cidades, pasta responsável pela administração dos recursos direcionados para o programa-chefe do governo petista, anunciou, no último dia 17 de maio, que o governo federal cortaria verbas destinadas ao MCMV.
Um segundo capítulo deste caso aconteceu na quarta-feira, 1º de junho, quando o novo presidente da Caixa Econômica Federal, Gilberto Occhi, foi empossado pelo Presidente da República interino, Michel Temer. Occhi afirmou na ocasião: “Não vamos suspender nada”. Deve-se lembrar que a Caixa é a maior financiadora da casa própria no Brasil e, consequentemente, a que mais sela contratos pelo MCMV.
O terceiro capítulo, ocorrido ontem, somou mais uma dúvida quanto à indefinição do Planalto. O ministro das Cidades, Bruno Araújo, informou que a pasta deve pedir mais de R$ 5 bilhões ao Planalto e ao Ministério da Fazenda para alguns projetos que incluem o Minha Casa, Minha Vida.
Araújo chegou a declarar que a prioridade é o programa habitacional, que está na terceira etapa. Parte deste recurso seria direcionada ao encerramento de contrato com as construtoras e à liberação de licenças e alvarás. Caso seja concretizado o direcionamento desta verba para a pasta de Cidades, imóveis que já têm 90% de conclusão serão entregues. Um alívio para quem já contratou e para a Construção Civil que tem, hoje, grandes investimentos voltados para o MCMV.
Ou seja, no fim das contas, o vai-vém do governo será capaz de provocar uma retomada dos canteiros de obras, mas vale ressaltar que, em apenas 20 dias, o presidente interino Michel Temer já voltou atrás em pelo menos duas decisões tomadas (também houve o recuo no caso do Ministério da Cultura), o que mostra, no mínimo, um descompasso na gestão. Além de ceder à pressão popular, Temer também se vê obrigado a fazer ajustes para manter os aliados satisfeitos.
Some-se a isso as duas baixas já registradas no ministério. E essas “crises” do recente governo Temer já repercutem contra ele no Senado. As turbulências já enfraquecem o apoio que o peemedebista recebeu na Casa na votação favorável ao impeachment. Se serão suficientes para contar votos em favor de Dilma, só o tempo dirá.