Editorial.

Tempo de repensar carreiras públicas

22/11/2016 às 21:35.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:46

Não é preciso ser um especialistas em gestão pública ou em administração para saber que praticamente todas as carreiras públicas estão com falta de funcionários. Em quase todos os poderes, os quadros estão defasados, independentemente dos valores salariais. 

Algumas áreas prioritárias, como saúde e educação, têm o serviço à população continuamente prejudicado pela falta de pessoal. Como são necessárias muitas pessoas para essas vagas, os salários pagos são menores que o praticado pelo mercado, levando para a iniciativa privada os melhores profissionais. 

A falta também é percebida nas cargos que possuem os maiores salários principalmente no Executivo federal, já que a União concentra 70% do que é arrecadado. São esses cargos os mais procurados pelos chamados “concurseiros”, que ficam estudando meses ou anos para conquistar uma vaga. 

Mas a crise econômica atingiu em cheio os cofres da União, que, para conseguir honrar os salários dos que estão trabalhando, teve que cortar praticamente a zero a abertura de novas pessoas, conforme mostramos na edição de hoje. A situação deve continuar assim pelo menos até o ano que vem. 

Mas a situação poderia servir para que houvesse uma reformulação completa das carreiras públicas. O principal motivo para que uma pessoa escolha o que deverá fazer pela maior parte da sua vida deve ser a vocação e o desejo de prestar um bom serviço. Mas a maioria de quem procura esses cargos está atrás da estabilidade. São comuns casos de pessoas que fazem três ou quatro concursos em diversas áreas e vão “pulando” de cargo em cargo, deixando desfalcado o setor que o contratou. 

Isso somente vai ser resolvido se não tivermos tanta diferença de salários entre os cargos, ou seja, uma sociedade mais igualitária e justa. Sem a instituição de “supertrabalhadores”, aqueles que ocupam funções remuneradas bem acima da média, inclusive da iniciativa privada. Assim, os vencimentos e a estabilidade de emprego seriam menos importante e o brasileiro poderia optar em trabalhar com aquilo que gosta. 

Mas isso, concordamos, não deverá ocorrer tão cedo, enquanto sindicatos também pensarem somente na sua área e não em todos os grupos de trabalhadores. Não custa nada sonhar. 

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