Editorial.

Tolerância zero com fraudes eleitorais

28/09/2016 às 20:25.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:01

É utopia pensar que, como em um passe de mágica, as eleições brasileiras passassem de oportunidade para todo o tipo de transgressão às regras, caixa 2 e abusos dos poderes político e econômico, que motivaram condenações de muitos políticos nos últimos anos, para um processo totalmente limpo e justo. Criminosos sempre arranjam um novo jeito de fraudar processos. Uma vez que o esquema é descoberto, o criminoso procura outro jeito. 

O Ministério Público Eleitoral divulga que mais de 10 mil candidaturas podem ter usado laranjas para burlar a norma que proíbe doações de empresas para os concorrentes. Isso equivale a cerca de 13% dos candidatos em Minas. O veto foi imposto justamente para tentar equilibrar as disputas e evitar que os eleitos devam “favores” a quem financiou as campanhas. 

Entre os doadores, segundo a procuradoria, estão vários beneficiários do Bolsa Família que, em tese, não teriam renda comprovada para realizar os repasses, digamos, generosos. Neste caso, há indícios de pelo menos uma irregularidade. Ou esse eleitor não é dono do dinheiro repassado, ou ele não teria que estar na lista de beneficiários do programa para famílias de baixa renda. Lembrando que a responsabilidade do cadastro de famílias no programa assistencial é das prefeituras. 
Essa investigação, sem dúvidas, vai longe e deverá invadir o ano que vem. Ainda que muitos dos candidatos beneficiados sejam eleitos, poderão perder o cargo, caso haja comprovação da participação deles na fraude. 

Ainda não há nomes divulgados, mas o eleitor deve ficar atento e reparar bem na lista dos envolvidos, quando ela for divulgada. Essa atitude é fraude ao processo e não há dúvidas que quem faz isso antes de ser eleito, fará pior caso alcance o cargo público e mexa com o nosso dinheiro.

Se o sujeito já inicia a carreira política em sua cidade com fraude, o que fará, por acaso, se for eleito para a Assembleia Legislativa ou para a Câmara Federal? Se esses homens e mulheres fossem extirpados da política nas primeiras eleições, certamente não teríamos tantos desmandos em Brasília. 

Temos que ter tolerância zero com a corrupção desde as eleições municipais. Só assim evitaremos a perpetuação de práticas fraudulentas no exercício da democracia. 
 

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