Editorial.

Tráfico ganha espaço no meio estudantil

28/11/2018 às 22:46.
Atualizado em 28/10/2021 às 02:26


Há muito se sabe que o tráfico de drogas não é, nem de longe, uma prática restrita ao chamado submundo do crime, com a comercialização de entorpecentes e outras substâncias feita, por exemplo, exclusivamente a partir de favelas e periferias, como alguns podem imaginar. 

Pelo contrário, sempre houve evidências indiscutíveis de que pessoas de todas as classes sociais integram esse mercado, não só na ponta do consumo, mas também na produção e na venda dos produtos. E que os mais diversos ambientes são propícios a tais ilegalidades.

A prisão, em Belo Horizonte, conforme reportagem desta edição, de um estudante de química da UFMG, que estaria comprando matéria-prima no Leste Europeu, pelo correio, e fabricando, em uma república na região Norte da cidade, um amplo cardápio de drogas de acordo com o gosto dos fregueses, é mais uma prova disso.

Além de lembrar um famoso seriado de TV norte-americano, no qual um professor de química aproveita-se de seus conhecimentos científicos para tornar-se traficante, a história também indica que o meio estudantil – e não as instituições de ensino – tem sido cada vez mais propício à disseminação desse tipo de crime.

De acordo com a polícia, são crescentes os indícios de que alunos de escolas de nível superior da capital estariam chefiando atividades de tráfico. O comércio, nesses casos, é especializado em drogas sintéticas e caras, como LSD, ecstasy e até uma variedade diferente de maconha, conhecida como “Vanilla Kush”.

Os maiores pontos de venda seriam bares no entorno de faculdades, casas noturnas e locais onde ocorrem festas estudantis, como as calouradas e as chamadas “raves”, animadas por música eletrônica. 
Já a clientela, segundo as autoridades, seria formada por outros estudantes e pessoas de maior poder aquisitivo.

Outro aspecto importante, também na mira de investigações, é o uso cada vez mais intensivo da Internet, pelos criminosos, para divulgação e venda dos entorpecentes, sob a falsa expectativa do anonimato. 
Como se vê, o tráfico tem enorme capilaridade na sociedade. E o que se espera é que a polícia aja, sempre, sem premissas de cunho econômico ou social que possam tornar seletivas as suas ações. 
 

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