Ainda que o foco e a preocupação principal relativos à pandemia sejam a saúde e a preservação de vidas, o passar do tempo em meio ao isolamento social e seus impactos na economia revelam efeitos colaterais preocupantes.
Matéria nesta edição mostra como o transporte escolar sucumbe à suspensão das aulas presenciais, deixando sem ganha-pão centenas de motoristas na capital.
Alguns conseguiram improvisar, e trocaram alunos por mercadorias, ainda que temporariamente. Estão fazendo entregas nesta temporada em que o delivery ganhou força total.
Mas nem de longe isso os coloca na situação de antes, quando conseguiam tirar até R$ 7 mil por mês levando e trazendo estudantes. Às vezes em três turnos.
Quem segue na expectativa de retomar a atividade de antes sabe que os ganhos dificilmente retornarão a este patamar. Ninguém arrisca dizer se as escolas voltarão com aulas 100% presenciais no médio prazo, já que 2020 já chega ao fim, ou se vão adotar um modelo híbrido que certamente fará os motoristas reverem o preço por pressão (justa) da clientela.
Sem falar que os protocolos de segurança para evitar a proliferação da Covid podem determinar que, a exemplo do que é feito em qualquer ambiente onde se reúnam pessoas que não vivem sob o mesmo teto, seja mantida uma distância de segurança entre os presentes.
No caso das vans, isso pode significar rodar com metade dos alunos de outros tempos, com uma despesa praticamente igual.
Some-se a isso o fato de que os bancos ainda têm confiscado os veículos de quem não consegue pagar as prestações. Um lado cruel do capitalismo que, sabemos, não está aí para ser caridoso com ninguém, mas não precisaria chutar a boca de cachorro morto para acumular mais riqueza ainda nas mãos de tão poucos.