(Durex/ Divulgação)
Quase metade (45%) daqueles que vivem um relacionamento acreditam que há necessidade de controlar o parceiro, três quartos dizem já terem sofrido controle e 67% admitem já terem exercido controle.
Os dados são de uma pesquisa realizada pelo Instituto Quantas - para divulgar o filme Amor e Dor, primeiro longa de ficção de Gustavo Rosa de Moura, com estreia prevista para o próximo dia 3. Foram ouvidas 802 pessoas maiores de 16 anos, das classes A, B e C, moradoras das nove principais regiões metropolitanas do país.
A produtora cultural Fernanda (nome fictício), de 23 anos, sabe bem o que é viver um relacionamento complicado. Ela morava com o namorado, com quem tinha um relacionamento há três anos. Um dia, quando chegou em casa, ficou chocada: ele havia entrado em seu computador e transferido todos os e-mails e mensagens de redes sociais da conta dela para a dele. "Ficou com todas as minhas conversas de anos e anos na íntegra. Ele disse que iria 'estudar' as mensagens para saber se em algum momento eu entrasse em contradição", conta.
Não satisfeito, o então namorado apagou um amigo da agenda de contatos de Fernanda. "E o bloqueou de todas as minhas redes sociais. Antes, mandou uma mensagem para ele de meu perfil, dizendo que não poderíamos mais conversar", recorda-se.
A situação ficou insustentável. Mas a gota d’água ocorreu semanas depois desse episódio traumático, quando ao flagrá-la em uma troca de mensagens de WhatsApp com um amigo, arrancou o celular de sua mão e quebrou o aparelho. Fernanda foi embora de casa. "Deixei tudo o que havíamos comprado juntos para trás. Fiquei só com a câmera fotográfica, o computador e uma mala de roupas", diz.
Separação
O rompimento, como o de Fernanda, é difícil para a maior parte das pessoas. De acordo com a pesquisa, 63% das pessoas já insistiram em um relacionamento mesmo sem estarem felizes. Na distribuição de motivações (quando o entrevistado podia responder mais de um afirmação), 54% diziam que assim agiam porque ainda acreditavam em algum envolvimento afetivo, 24% pela segurança social (família e amigos do parceiro), 22% pela segurança econômica, 37% por causa de filhos, 20% por acomodação, 16% pelo sexo e 15% pelo medo de ficar sozinho.
"A grande surpresa da pesquisa é que apesar de 45% dos entrevistados dizerem que é preciso controlar o parceiro, a grande maioria das pessoas, 79%, dizem confiar no parceiro", afirma Karla Mendes, diretora do Instituto Quantas.
Para ela, a tecnologia contemporânea "favorece o desejo de controle", em casos em que "essa semente já existia". "Por um lado, a tecnologia favorece a facilidade do acesso ao outro. Por outro lado, ajuda que o controle seja exercido", diz Karla. "É como se você invadisse o espaço dos outros com menos medo."
A apresentadora, cineasta e atriz Marina Person, de 47 anos, que encarna a protagonista do filme Amor e Dor, já viveu situações de controle em relacionamentos na vida real. "Tive um namorado que chegou a ler meu diário. Perdi a confiança totalmente", conta. "Mas não foi o único: houve um outro que queria saber tudo o que estava acontecendo, com quem eu estava falando, sobre meus relacionamentos antigos, tudo o que já tinha acontecido."
Apesar de seus casos "problema" terem ocorrido bem antes do advento das redes sociais, ela acredita que a tecnologia propicia um maior afloramento dessas tendências. "Facilita a vida do paranoico. As redes sociais são infernais nesse sentido. É um horror isso", define.