(Editoria de Arte/Hoje em Dia)
Manifestações e pedidos de mudanças na política não conseguiram mudar o perfil dos candidatos eleitos no primeiro turno em 2016. Em Minas Gerais, a maioria dos prefeitos escolhidos são homens e casados. As mulheres e os divorciados continuaram relegados a segundo plano.
Conforme levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), 771 dos 829 prefeitos eleitos em 2 de outubro no Estado são do sexo masculino. Ou seja, os homens representam 93% dos escolhidos nas urnas. Apenas 58 são mulheres.
Quando o assunto é estado civil, as escolhas também foram conservadoras. Dentre os eleitos, 617 são casados, o equivalente a 74,4% do total. Outros 112 são solteiros. Apenas 76 são divorciados e 11, separados judicialmente.
De acordo com o cientista político Malco Camargos, o resultado reforça um cenário já conhecido na política brasileira. Aliás, como lembra o especialista, a diferença entre o número de homens e mulheres começa na pré-campanha. “É uma característica que vemos no recrutamento dos candidatos”, afirma.
Já em relação à escolaridade, não há tanta exigência. Tanto que há casos de prefeitos eleitos que sabem apenas ler e escrever. Em Minas Gerais, são oito.
Centrão
O conservadorismo também é percebido na escolha dos partidos. A pesquisa mostrou que 38% das cidades brasileiras serão administradas por políticos do chamado “Centrão”, grupo de 12 legendas de cunho conservador que se uniram sob a influência do deputado cassado Eduardo Cunha. São 2.117 políticos do PP, PR, PSD, PTB, PROS, PSC, SD, PRB, PEN, PTN, PHS e PSL.
Segundo o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, o avanço dessas siglas tem ligação com o desgaste do PT, que culminou no impeachment de Dilma Rousseff.
Ainda pelo levantamento, Minas foi o campeão nacional em número de prefeitos reeleitos: 166. Para Ziulkoski, um reflexo do tamanho do Estado.
Mas, ressalta ele, em todo o país houve um movimento de desinteresse dos prefeitos em tentar a reeleição por causa da queda na arrecadação dos municípios.
Apoio de Rodrigo Pacheco a João Leite gera controvérsias
Formalizado ontem por Rodrigo Pacheco (PMDB), o apoio a João Leite é contestado pelos demais integrantes do partido. Deputados estaduais peemedebistas rechaçaram a aliança.
Integrantes do diretório municipal dizem não ter sido consultados. “A questão é a forma como o processo foi conduzido. Este não é o perfil do PMDB, que sempre primou por decisões democráticas”, diz o deputado Vanderlei Miranda, candidato a vice na chapa de Pacheco. Ele destaca que não houve quórum no diretório municipal para que a aliança fosse selada.
Não foram consultados, por exemplo, Iran Barbosa, o próprio Vanderlei Miranda, Adalclever Lopes, Cabo Júlio, Preto do Sacolão e o secretário de Estado de Saúde, Sávio Souza Cruz. Dos nove representantes da legenda, cinco teriam que votar a favor.
Rodrigo Pacheco disse que se uniu ao tucano por acreditar que ele seja a melhor opção. Em troca, conforme João Leite, parte das propostas do peemedebista serão levadas adiante, como o estímulo a startups.
Metrô
Já o candidato Alexandre Kalil (PHS) descobriu ontem que a construção de cada quilômetro de linha do metrô exige US$ 60 milhões. “É muito dinheiro. Quis saber porque todo mundo está falando, mas ninguém sabe quanto custa”, diz.
Em um vídeo onde aparece conversando com taxistas, Kalil afirmou que não pretende regulamentar o Uber.
Vereador eleito diz que gastou menos da metade do permitido
Da Redação
Eleito para o primeiro mandato na Câmara de BH, Doorgal Andrada (PSD) informou ontem que os gastos dele na campanha enquadram-se no limite estabelecido pela legislação eleitoral.
Conforme mostrou o Hoje em Dia, ele teve o maior gasto proporcional aos votos obtidos dentre os eleitos. O cálculo foi feito dividindo-se o orçamento da campanha pelo número de votos conquistados. Doorgal Andrada arrecadou R$ 259,9 mil e obteve 7.227 votos.
“O total gasto em minha campanha foi de R$ 259.900, menos da metade autorizada. Outros vereadores de BH, conforme se vê no site do TRE, gastaram muito mais do que eu na campanha, ao contrário do que sugere a notícia”, afirmou.
O teto colocado para as despesas nesta eleição foi de R$ 607,6 mil. A matéria publicada ontem informa que a campanha com maior orçamento este ano em BH foi a de Wellington Magalhães (PTN), com R$ 411,5 mil.
Para Doorgal Andrada, o cálculo do “custo” de cada voto é “truncado”. “No meu entendimento, ao contrário do que dá a entender a matéria, o eleitor não é objeto de comércio”, diz.
A reportagem deteve-se ao cálculo matemático acerca dos gastos na campanha de cada um dos vereadores eleitos. Houve candidatos que arrecadaram mais, mas, diante da votação maior, o custo relativo a cada voto recebido por eles foi menor.
Na segunda-feira, quando a matéria foi apurada, o Hoje em Dia tentou contato com Doorgal Andrada, sem sucesso.