(Arquivo Hoje em Dia)
Neste final de semana, se encerra o mais importante evento gastronômico do Brasil, o Festival Cultura e Gastronomia de Tiradentes. Os números alcançados nesta empreitada, ainda baseados nas edições anteriores e na primeira semana desta edição, apontam, definitivamente, a vocação e o futuro da economia do Estado de Minas Gerais.
São números até bem pouco tempo inimagináveis para nosso Estado, com impactos expressivos sobre o PIB, apontando um crescimento em escala geométrica dos negócios na cidade e entorno, número de visitantes e outros que consolidam o Festival de Tiradentes como um dos maiores cases de sucesso no mundo da gastronomia.
Mas existem outros números, ainda pouco conhecidos e divulgados, que devem ser levados em conta por sua grande abrangência social e cultural, resgatando e valorizando ofícios e preciosidades esquecidos ou escondidos pela até então obscuridade histórica da região no passado recente.
História de sucesso
Após 20 anos, o evento, que começou como uma aventura de apaixonados pelas cozinhas e que acreditaram em um sonho, mudou radicalmente a vida de uma região.
A cidade de Tiradentes e entorno viviam em um ostracismo. Sua história parecia se perpetuar na inércia econômica da maioria dos destinos históricos do Estado, que se limitavam a receber minguados grupos de viajantes, curiosos para conhecer um pouco da rica e quase abandonada história da Estrada Real, dos séculos XXVII e XXVIII, com suas não menos degradadas igrejas e monumentos que se constituíam nos únicos atrativos destes destinos.
Vinte anos depois, reconhecidamente, a Identidade Gastronômica da região foi estabelecida a partir de seus muitos eventos, que se multiplicaram nas trilhas do sucesso do Festival de Gastronomia, o que, por sua vez, fez com que aflorassem as potencialidades regionais gastronômicas e culturais. Um novo ciclo de riquezas começou seguindo os veios dos ciclos do Ouro e do Diamante.
Descobrindo os novos veios
A cachaça Século XVIII, cujo alambique é o mais antigo ainda em funcionamento no Brasil, pertence à sétima geração dos descendentes de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, e é um grande exemplo desta onda de desenvolvimento sustentável, ocasionado a partir do Festival de Tiradentes.
Um grande atrativo turístico resgatado, cuja cachaça de qualidade é degustada acompanhada de boa comida e de ótima prosa, proporcionadas pelo Nando Xavier, que hoje é o responsável pelo negócio da família em Coronel Xavier Chaves.
Queijo Catauá
Talvez a maior atração como produto artesanal da região na atualidade seja o queijo Catauá, produzido pelo João Dutra. É o primeiro da região das Vertentes, região esta que se insere em uma das quatro já certificadas como produtoras do queijo artesanal mineiro.
O Catauá já é apreciado pelo público e apontado por especialistas e chefs como um queijo gourmet dos mais equilibrados e saborosos.
Chico Doceiro
Um mestre na doceria mineira, o Chico Doceiro, hoje patrimônio vivo da cultura das Vertentes, se tornou conhecido e respeitado por seu ofício de fazer os deliciosos doces de leite no canudinho.
Hoje, é uma atração imperdível para quem visita a cidade, produzindo suas doces joias, assim como já fazia há mais de 30 anos.
Rocambole
Os reflexos na estrada que liga a capital a São João del Rei e Tiradentes são evidentes, com o surgimento de diversos comércios de qualidade, que, por sua vez, fomentaram o desenvolvimento dos pequenos produtores artesanais da região, especialmente da gastronomia.
O rocambole de Lagoa Dourada se tornou referência nacional e internacional e os produtos como quitandas, doces e cachaças se tornaram conhecidos em comércios que praticam esse conceito sustentável.
O Café com Prosa, em Entre Rios de Minas, é desses exemplos. O dono, Luiz Miranda, está sempre à frente, recebendo os turistas e apresentando as produções artesanais de sua fazenda e de todo o entorno.
Caminho para o Futuro
Nesta edição do Festival, um roteiro para levar os turistas a vivenciarem mais essas atrações no entorno de Tiradentes foi criado.
Os resultados ainda não podem ser avaliados mas, certamente, um deles é a abertura de perspectivas para um novo e considerável valor agregado ao maior encontro da cultura gastronômica brasileira.
Edital para 2016
Na oportunidade, aproveitou-se para lançar, no primeiro dia do evento, mais um grande desafio ao mercado empresarial e aos profissionais da gastronomia mineira: o anúncio do edital para eventos do segmento para o ano de 2016.
Descortina-se um caminho sem volta que, a partir das experiências observadas e vivenciadas ao longo desses vinte anos, poderá ser aberto num período mais curto do que aquele trilhado pelos organizadores do Festival de Tiradentes, levando desenvolvimento turístico sustentável e de qualidade às outras regiões do Estado.
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