A realidade do produtor familiar e do jovem no Projeto Jaíba

Implantado no município de Jaíba, há alguns anos, e sendo hoje o maior projeto de irrigação da América Latina, o Jaíba tem na força e garra dos produtores o seu maior trunfo para se consolidar como projeto estruturador do estado de Minas Gerais.

São produtores que possuem, na sua maioria, origem de outros municípios do nosso país, e que foram assentados em lotes irrigáveis de 5,0 hectares na área de produção familiar e 20 a 50 hectares na área de produção empresarial.

As dificuldades encontradas inerentes ao processo produtivo têm sido constantes, como a falta de acesso ao crédito rural devido às políticas adotadas; o alto preço dos insumos utilizados e a dificuldade de comercialização dos produtos colhidos, por falta de estrutura que atenda às necessidades dos produtores, muitas vezes ocasionadas pela falta de organização dos mesmos.

Salienta-se também, a falta de políticas públicas direcionadas aos problemas do meio rural como melhoria de estradas, saneamento básico, escolas, atendimento médico e odontológico, entre outros.

PERSITÊNCIA

Mesmo com tantos problemas encontrados, observa-se a luta dos produtores familiares para conduzirem suas atividades de forma a se manterem na atividade. É o caso do produtor familiar, Armando Bicalho Filho, que mora com a família no lote número 12, na área B4, onde a produção é bastante diversificada, com o plantio das culturas de milho, mandioca, feijão, limão tahiti, coco anão, criação de suínos, bovinos e aves.

No ano passado, Armando obteve uma produtividade de 7.180 kg/hectare de milho no plantio das águas e 3.180 kg/hectare de feijão irrigado e neste ano plantou 4,5 ha de feijão da variedade carioca precoce obtendo produtividade de 2.840 kg/ha. O produtor comercializa o excedente da produção agrícola, leite e suínos e usa parte da produção para alimentação animal.

LUTA DOS JOVENS

Salienta-se também a luta do jovem rural, que não consegue emprego ao término de conclusão do 2°grau e tem no trabalho da terra uma boa alternativa para obter alguma renda.

É o caso do jovem Jucélio Borges Pereira. Após concluir o curso em Mocambinho, Projeto Jaíba, e não tendo oportunidade de trabalho, ele voltou ao meio rural para trabalhar na lavoura. O jovem cultiva no lote de seu pai uma área de 1 hectare de banana prata anã, bem como uma área intercalar de 1 hectare de abóbora, variedade menina brasileira, para produção de sementes, sendo que já colheu no início de junho deste ano 12 sacas de feijão em área de 0,30 hectare produtividade de 2520kg/ha os quais foram comercializados ao preço de R$ 100/saca de 60 kg.

Esse, segundo a economista doméstica Juliana Martha de Souza é apenas o exemplo do trabalho do jovem no Jaíba e existem vários outros casos, em outras áreas, o que garante o futuro da produção familiar.

OS SANTOS

A família Santos, oriunda da cidade de Janaúba é proprietária do lote número 21, área B5, onde são cultivadas também outras culturas como milho, arroz, feijão, mandioca, coentro para produção de sementes, criação de suínos e aves.

- É de suma importância a produção familiar no Jaíba onde existem, atualmente, 1.364 lotes famílias com área de 5 hectares irrigáveis, cada um.

A participação da Emater neste processo, de acordo com o agrônomo, Fernando Celso Soares Maia iniciou-se no mês de novembro de 2003 com a contratação de equipe técnica formada por gerente, apoio administrativo e equipe técnica composta de engenheiros agrônomos e extensionistas de bem-estar social, nutricionista, economistas domésticos, pedagogos e sociólogos, com escritório localizado em Mocambinho, que foi reformulada neste ano através de concurso público. A equipe atual é composta por 30 técnicos de campo, sendo 15 engenheiros agrônomos e 15 extensionistas de bem-estar social, que atendem, em média, 100 lotes produtores familiares.

A Emater realiza trabalho de assistência técnica e extensão rural objetivando promover o desenvolvimento sustentável destas propriedades com a melhoria da qualidade de vida das famílias.