A reviravolta do 1.0

30/03/2017 às 16:53.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:56

O carro chamado popular (com motor 1.0) tomou conta do mercado e chegou a representar 70% das vendas do mercado brasileiro. Fácil de explicar: ele foi criado numa época de crise de vendas e o governo, para estimular a indústria (já houve época em que isto ocorria...), praticamente zerou o IPI do  automóvel. Ora, pagando menos impostos, os carros 1.0 tiveram seu preço extremamente reduzido. E as vendas aceleradas...

Entretanto, quando ele surgiu na década de 90, era esquálido, cansava o motorista pela falta de desempenho e se arrastava pelas estradas quando carregado. No início dos anos 2000 começou a ocorrer uma virada no mercado e, com crédito farto e juros baixos, o freguês preferia pagar um pouco mais e partir para um carro com motores de maior cilindrada.

A participação do motor 1.0 já tinha despencado para 35% das vendas quando houve no mundo inteiro um esforço de “Downsizing” dos motores, ou seja, uma redução da cilindrada para diminuir consumo e emissões, sem prejuízo do desempenho. Carrões americanos com um V8 sob o capô foram rebaixados para um mísero V6. Os de seis cilindros perderam dois deles. Carros compactos com motores de quatro cilindros tiveram cilindrada reduzida e um 1.5 gera hoje maior potência que um antigo 2.0. No caso dos 1.0, quase todos perderam um cilindro e se tornaram tricilíndricos. E, por incrível que pareça, chegam a oferecer o dobro da potência dos antigos “populares”. Também pudera: central eletrônica no lugar do carburador e distribuidor, injeção direta, dois eixos  comandos com fase variável, um cilindro a menos, turbo e outras tecnologias levaram o carro 1.0 para um haras de até 125 cv.

E aí ocorreu nos últimos dois ou três anos o fenômeno inverso e todos voltaram para o motor de um litro. O primeiro foi o Hyundai HB20 e depois vieram o VW Fox, Up! e Gol. Nissan March e Versa, Ford Ka e Fiesta também. Mais recentemente os Renault Logan e Sandero e os Fiat Uno e Mobi. E até, ora vejam, o VW Golf, um hatch médio, foi também equipado com um 1.0 tricilíndrico e turbinado. Desenvolve 125 cv, potência maior que a oferecida pelo 2.0 que equipava o Jetta até o ano passado (120 cv...)

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