A vitória do Cruzeiro e um ano memorável para futebol mineiro

Hoje em Dia
15/11/2013 às 07:19.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:10

Cruzeiro campeão brasileiro de futebol. Atlético campeão da Libertadores da América. Este é um ano memorável para o futebol mineiro. Para os jogadores dos dois times e para os torcedores que os incentivaram indo aos estádios e comemorando ruidosamente, madrugada afora, suas vitórias.

Vitórias que justificam os gastos do governo nas reformas de estádios de futebol, mesmo que a maioria dos que não podem frequentá-los e que pagam impostos os considere exorbitantes. Mas esse é tema para outra ocasião.

O momento agora é de comemorar o título do Cruzeiro, por antecipação. Conquistado na noite de quarta-feira, antes mesmo de vencer o Vitória, em Salvador, por 3 a 1, pois a derrota do Atlético do Paraná, segundo colocado, para o Criciúma, tornou impossível alcançá-lo, em número de pontos, pelos outros competidores.

A vitória no estádio Barradão, na Bahia, foi a nona do Cruzeiro, neste campeonato, em 17 jogos fora de casa. Nenhum outro time da Série A alcançou esta marca neste ano.
O treinador Marcelo Oliveira soube manter o bom ritmo ao longo da competição, com vários jogadores se revezando no time titular. Foi uma vitória de equipe, de atletas que desde menino se prepararam para vencer numa carreira em que muitos são os chamados e poucos os escolhidos. E se tornam campeões.

A questão é se os torcedores estão à altura dos jogadores. Para vencer os jogos, os atletas foram antes de tudo disciplinados. Obedeceram às regras do esporte e às orientações da autoridade – o treinador.

E o que fizeram milhares de torcedores que saíram às ruas para comemorar? Mais do que expressar uma alegria legítima pela vitória de seu time, se esforçaram esses cruzeirenses, ao que parece, por superar a comemoração ruidosa feita antes pelos atleticanos.

Em número de foguetes estourados, em buzinaços, em gritarias. Ignorando a lei do silêncio, instituída para proteger o sono de quem precisa trabalhar.

Cinco horas da manhã, o torcedor chega em casa. Quer dormir, mas precisa gritar mais uma vez a plenos pulmões, para irritar o vizinho atleticano: Cruzeiro!

Por sorte, não encontra o vizinho padeiro que pouco antes saíra do prédio para ir trabalhar, irritado por uma noite insone. Logo depois, um carro passa na rua com a buzina a toda, cantando pneus na curva à frente. Mais um torcedor que não respeitou outra lei: a que proíbe dirigir depois de beber.

Não se pode calar a respeito, porque outros campeonatos virão. A comemoração de ontem pode ter ficado empatada – em barulho e ilegalidades. Se não houver reação, muitos vão querer desempatar no próximo campeonato. A vida em comunidade exige respeito a regras que foram sendo criadas à medida que o homem se civilizava. “Índio quer apito, se não der pau vai comer”. Não se trata mais de apito, mas de buzina. Ficou bem pior.

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