Deixar o passado bem resolvido para começar a trilhar o futuro, mas sem esperar por ele para começar a ser ambicioso. Foi a mensagem passada nesta segunda-feira durante a abertura da 18ª Conferência do Clima da ONU, que acontece até o dia 7 de dezembro em Doha (Catar).
Com o objetivo de iniciar o processo que deve levar, em 2015, ao estabelecimento de um novo tratado mundial de redução das emissões de gases de efeito estufa, a partir de 2020, a conferência precisa antes resolver algumas pendências. Em primeiro lugar, como os países desenvolvidos vão se portar até lá, durante o segundo período de compromisso do protocolo de Kyoto. Em segundo, definir como o financiamento para países em desenvolvimento será feito. No ano passado, em Durban, concordou-se com um investimento no Fundo Verde Climático que chegará a US$ 100 bilhões em 2020. Os países ricos precisam mostrar um plano de como vão cumprir a meta.
A secretária executiva da Convenção do Clima da ONU, Christiana Figueres, durante a abertura das reuniões e na primeira entrevista à imprensa, lembrou mais uma vez que o tempo está acabando. "No último mês foram divulgados vários relatórios, como do Banco Mundial, do Pnuma (agência ambiental da ONU), todos nos alertando que está aumentando a dificuldade de manter o aumento da temperatura acordado pelos países - em 2ºC até o final do século -, e o custo disso também está crescendo", diz.
O embaixador André Corrêa do Lago, chefe da negociação brasileira, também afirmou que a importância de Doha está em fechar um capítulo para iniciar outro, em um processo em que os dois estão interligados. "É a base dos trabalhos dos próximos oito anos."
A decisão de estender o Protocolo de Kyoto se deu principalmente por conta da articulação dos diplomatas brasileiros no ano passado, que veem a manutenção do tratado como importante por ter regras uniformes e para servir de referência para o novo acordo global. "Pelo menos os países que aceitaram o segundo período de Kyoto estão comprometidos em reduzir suas emissões. Temos de dar mais atenção agora para os países que não estão se juntando ao compromisso (Japão, Rússia e Canadá ficaram fora, Estados Unidos nunca entraram), para ver o que eles vão fazer."
A repórter viaja a convite da Convenção do Clima (UNFCCC)
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