Abrasel prevê queda nas vendas de carne de até 15% nos restaurantes

Janaína Oliveira
joliveira@hojeemdia.com.br
21/03/2017 às 22:04.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:50

As consequências da operação “Carne Fraca”, que investiga a atuação ilegal de frigoríficos e funcionários do Ministério da Agricultura, vão respingar nas panelas e no caixa dos restaurantes de Belo Horizonte.

Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel-MG), a apreensão com as informações divulgadas pela Polícia Federal, que colocaram na mesma “cumbuca” todas as empresas, vai afastar uma parte significativa da clientela.

“Num primeiro momento, acredito que a retração será entre 10% e 15%. As pessoas estão indagando, questionando, e mais resistentes a consumir carnes e embutidos”, diz o presidente da Abrasel-MG, Ricardo Rodrigues.

Segundo ele, a “fuga” é mais um ingrediente amargo para o setor, onde 33% dos restabelecimentos já operam no vermelho. “Quem ainda está de pé, vai ter que ter muita criatividade na cozinha”, diz.

Muitos estabelecimentos mexeram no cardápio. “A ideia é fugir da linguiça, por exemplo, e partir para outras proteínas que não são alvos das denúncias”, afirma. Ainda de acordo com Rodrigues, a Polícia Federal está de parabéns por descobrir falcatruas.

“Mas a investigação pegou um caso isolado e colocou a coisa de forma generalizada. Será preciso um esforço muito grande para conscientizar o consumidor da necessidade de separar o joio do trigo”, diz.

Enquanto churrascarias tiveram que lidar com o freguês ressabiado, estabelecimentos que comercializam produtos que não contêm nenhum tipo de ingrediente de origem animal, como carne, leite e ovos, sentiram um interesse maior por parte do consumidor.

No Venne Açougue Vegano, na rua Itajubá, na Floresta, o telefone passou a tocar mais. Também tem mais gente curiosa entrando na loja.
“Nosso público é vegetariano e vegano. Para eles, o momento atual com essas denúncias sobre carne é indiferente. Mas já percebemos um leve incremento. E acreditamos que as investigações devem impulsionar nossas vendas num curto prazo. Só não sabemos precisar o percentual de crescimento”, diz o proprietário Cláudio Bonetti, que administra a casa ao lado da esposa e da filha Laura, vegetariana desde os seis anos de idade.

“Até pouco tempo, os veganos sofriam bullying. Havia uma pecha de que era coisa de gente esquisita. Hoje, vemos que estamos certos”, diz.
No Venne, o cliente encontra carnes vegetais por R$ 45, o quilo, e soja marinada no tempero, por R$ 35. Há também presunto, linguiça, salsicha e hambúrguer. Os produtos são feitos a base de vegetais, cogumelos, grãos, arroz, feijão e beterraba moídos e triturados.


 

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