A Procuradoria-Geral da República ainda não chegou a um consenso sobre a possível delação premiada que o operador do Mensalão, Marcos Valério, pretende fazer no âmbito do processo do Mensalão Tucano-Mineiro. Informações de bastidores dão conta de que existe o temor de que Valério minta.
Durante o julgamento do Mensalão, o então relator do caso, ministro Joaquim Barbosa, afirmou que ele mudou a versão sobre os fatos por diversas vezes. “É interessante notar que Marcos Valério muda de versão conforme as circunstâncias ao ser ouvido em juízo”, informou à época.
A declaração e as evidências pesam na decisão final do procurador-geral Rodrigo Janot.
No início de julho passado, os promotores do Patrimônio Público de Minas encaminharam a Janot o pedido feito pela defesa de Valério para de torná-lo colaborador. O documento foi junto a um depoimento do operador em que conta o que pretende contar, caso o Ministério Público feche o acordo. Valério pretende envolver figurões da política mineira na possível delação. Por isso, o caso teve que subir ao procurador-geral. Janot analisará, especialmente, se vai confiar em Valério. Esta aí o X da questão e o motivo da demora em decidir-se.
Voto útil
Dos 11 postulantes ao cargo de prefeito de Belo Horizonte, restarão três (cujas pesquisas internas apontam na disputa para entrar no segundo turno): João Leite (PSDB) na liderança, Alexandre Kalil (PHS), logo em seguida, e Délio Malheiros (PSD), na terceira colocação.
Leite aposta no não cometimento de erros para avançar ao segundo turno. É dada como certa a ida dele à parte final do pleito. A briga para a segunda vaga ficará por conta de Délio e Kalil. O primeiro está uma curva ascendente, ou seja, registra crescimento desde o início da campanha. Délio vai apostar nos erros do adversário, na presença maciça do prefeito Marcio Lacerda (PSB) na campanha, exaltando os feitos da administração, e no chamado voto útil.
O candidato do PSD pode ser beneficiado pelo voto daqueles que escolheram um dos concorrentes que não conseguiram chegar à terceira posição. Como existe a expectativa de que eleitores migrem os votos de candidatos que não têm chances para aqueles que têm possibilidade na disputa, a aposta de Délio é nesta probabilidade.
Já Kalil não deve mudar o formato da campanha. Desde o início ele apresenta-se como “não político”, diz ser ficha limpa e usa muito a linguagem popular. A aproximação com o povo é o mote da campanha do candidato, que abusa ainda das redes sociais. Kalil cresceu, mas em ritmo menor que Délio. Ao que tudo indica, a disputa entre os dois será voto a voto.
E agora Cunha?
Hoje é um daqueles dias para ficar na história. Aliás, a história recente do Brasil ganhou inúmeras páginas neste 2016. Não poderia deixar de lembrar do poema de Carlos Drummond de Andrade. “E agora José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora José? e agora, você? você que é sem nome, que zomba dos outros...” E agora Cunha? Dilma caiu, Dunga caiu, até a economia está derrotada. A festa acabou mesmo. E agora deputados federais? Como será a história que escreveremos hoje, dia de votar a cassação de Cunha?