Acumulado de 2013 revelou que a inflação está sob controle

Hoje em Dia
11/01/2014 às 07:11.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:16

A inflação em 2013 não foi o bicho-papão anunciado quando ela estourou o teto da meta – de 6,5% ao ano. Considerados os 12 meses anteriores, a taxa chegou a 6,59% em março, mas acabou o ano em 5,91, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo divulgado nesta sexta-feira (10) pelo IBGE. Esse índice mede a inflação oficial no Brasil.    Em vez da escalada da inflação, o que se viu foi a dos juros. A taxa básica, a Selic, fixada pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central, estava em 7,25% no começo do ano, começou a subir em maio e chegou ao fim de 2013 em 10%. Essa alta dos juros pode ter segurado o tal bicho-papão, mas há outros fatores importantes.    Um deles é o bom desempenho da agricultura brasileira. O IBGE informou na quinta-feira que a produção brasileira de grãos cresceu 16,2% no ano passado, chegando a 188,2 milhões de toneladas. É recorde. Já o Ministério da Agricultura espera que ao concluir a safra 2013/2014, a produção terá alcançado 200 milhões de toneladas.   Sem dúvida, as boas safras seguraram os preços para o consumidor, não obstante o longo trajeto do alimento, do plantio à mesa, com o valor se elevando em cada curva do caminho. O IBGE põe num mesmo grupo alimentos e bebidas, para o cálculo do IPCA, e esse grupo é o que tem maior peso nesse cálculo. Foi um dos vilões da inflação, pois ficou em 8,48% em 2013, mas perdeu força em relação ao ano anterior, quando subiu quase 10%.    Outro fator relevante: as medidas tomadas pelo governo para baixar o preço da energia elétrica para os consumidores. Ele caiu mais de 15% em comparação com 2012, contribuindo para conter as despesas com a residência, que subiram apenas 3,4%, contra quase 7% no ano anterior.    O ministro da Fazenda, Guido Mantega, muito criticado por fazer previsões que não se realizam, não errou muito ao afirmar, em abril, durante o fogo cerrado dos defensores da alta da Taxa Selic para combater a inflação, que o IPCA fecharia o ano em 5,8%. Mais difícil é distinguir, entre os vários fatores, o poder que teve nesse combate a elevação dos juros.   E que jogou por terra o esforço iniciado em 2011 para desarmar a armadilha dos juros altos e criar condições para que o país volte a crescer, sem cair noutra armadilha igualmente perigosa: a inflação descontrolada.   Foi por isso que o governo hesitou tanto para autorizar, no dia 30 de novembro, que a Petrobras aumentasse o preço da gasolina e do óleo diesel. Não se ignora o componente psicológico de um aumento dessa natureza sobre aqueles que detêm o poder de fixar o valor de seus produtos e serviços, na economia.    O reflexo foi imediato no IPCA de dezembro, que foi o maior nesse mês desde 2002, quando o Brasil se via diante de outro bicho-papão: a posse, no mês seguinte, do presidente Lula, primeiro petista a governar o país. 

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