(Frederico Haikal)
O auditor chefe aposentado do Tribunal de Contas de Minas, Édson Arger, um dos alvos da operação Pasárgada da Polícia Federal (PF), prestou nessa quinta (4) depoimento na Promotoria de Patrimônio Público de Belo Horizonte.
A promotoria instaurou inquérito para investigar a evolução patrimonial de Arger. Em 2008, a PF em Minas deflagrou a Pasárgada para coibir um esquema de desvios de verbas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Com o aprofundamento das investigações, os federais descobriram que um abraço da quadrilha agia dentro do TCE.
Na época, o auditor foi acusado de receber e distribuir propina para três conselheiros da corte de contas. Segundo o inquérito, os repasses eram feitos pelo Grupo SIM, firma de consultoria contábil contratada pelas prefeituras investigadas pela PF sem concorrência pública.
Arger, que chegou a ser preso pela Pasárgada, depôs por cerca de 40 minutos na promotoria da capital. No fim do interrogatório, ele preferiu não conceder entrevista alegando que o inquérito contra ele corre em segredo de Justiça. O auditor saiu do depoimento bem-humorado, diferente dos advogados dele
Durante a operação, foram apreendidas três planilhas de pagamento na casa de um dos sócios do Grupo SIM. Denominada “serviços terceirizados”, de 2006 e 2007, o documento registrava pagamentos que totalizam R$ 54 mil e R$ 162 mil em favor de Arger. Em outra planilha, constam R$ 30 mil “destinados ao TCE”.
Segundo o relatório da PF, “o Grupo SIM garante que seus contratos celebrados com prefeituras através de fraudes não serão questionados pelo TCE por estar infiltrado dentro daquela casa”.
Arger foi indiciado pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e tráfico de influência. Em 2011, a Procuradoria-Geral da República ofereceu denúncia contra o auditor do TCE.
Os conselheiros do tribunal, Antônio Carlos Andrada, hoje prefeito de Barbacena, Elmo Braz, morto no ano passado, e Wanderley Ávila, ainda no cargo, foram indiciados pela PF, mas nunca foram denunciados pelo Ministério Público.
Além de Arger, o esquema descoberto pela Pasárgada envolveu um juiz federal, um desembargador e diversas prefeituras.