Acusado diz que se sente aliviado e incrimina Bruno

Renata Evangelista e Thaís Mota - Do Portal HD
22/11/2012 às 02:41.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:30
 (Maurício de Souza)

(Maurício de Souza)

Em depoimento na madrugada desta quinta-feira (22), Luiz Henrique Ferreira Romão, o "Macarrão", condenou o goleiro Bruno Fernandes e aliviou o peso sobre o ex-policial, Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola". Ele disse se sentir aliviado por dar sua versão para o crime. "Não sou esse monstro. Não acabei com a vida de Bruno". "Sei que agora vou me tornar um X9. Sou um arquivo vivo. Minha família está sofrendo", acrescentou o réu aos prantos.
 
Segundo "Macarrão", ele teria pegado o carro no dia 10 de junho e levado Eliza para local próximo à Toca da Raposa. No lugar combinado, alguém desceu de um Palio preto e retirou Eliza Samudio do EcoSport. "Macarrão" e o primo do goleiro, Jorge Luiz, que também estavam no veículo não desceram e o braço-direito de Bruno arrancou o carro. A modelo pensava que estaria indo para um apartamento comprado para ela pelo goleiro.
 
Após deixar Eliza no local indicado pelo goleiro Bruno, "Macarrão" e Jorge voltaram para o sítio. Nesse momento, Luiz Henrique Romão chorava muito e foi chamado de "bundão" pelo primo do atleta. Ainda no sítio, "Macarrão" teria contado tudo que aconteceu para Bruno, que simplesmente respondeu: "Tá tranquilo". Depois, "Macarrão" e Jorge entraram em um ônibus que aguardava os jogadores do time 100%.
 
"Macarrão" não soube dizer à juíza Marixa Fabiane para quem Eliza Samudio foi entregue, nem quantas pessoas estariam no Palio. Além disso, em nenhum momento o réu citou o nome do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola".

O promotor do caso, porém, mostrou documentos que comprovam que Macarrão telefonou pelo menos seis vezes para Bola no dia da morte de Eliza. Ainda conforme Henry Wagner, no mesmo dia, Bola realizou outras cinco ligações para Macarrão. Macarrão disse no entanto que só conheceu o ex-policial na cadeia e que seu celular ficava sempre sobre a mesa no sítio de Bruno e qualquer um usava o telefone. Além disso, no dia 25 de junho de 2010, quando a polícia esteve no sítio do goleiro realizando buscas, Bola enviou uma mensagem para o celular de Macarrão.

Em seu depoimento, Macarrão citou ainda o Zezé que teria conhecido durante um pagode da banda "Os neguinhos". O nome do policial José Lauriano, Zezé, consta no processo mas ele não foi arrolado como réu. Ele é apontado pelo detento Jaílson Alves de Oliveira como comparsa de Bola no assassinato de Eliza. 
 
Já sobre o filho da ex-modelo com o goleiro, Macarrão disse que ele ficou aos cuidados da ex-mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues. Segundo "Macarrão", o amigo não disse o que planejava fazer com a criança.
 
Após contar sua versão para o desaparecimento e morte de Eliza Samudio, "Macarrão" disse que tem medo de morrer e que não destruiu a vida do amigo. "Não podem falar que fui eu que acabei com a vida e a carreira de Bruno. Foi ele que acabou com a minha" disse.
 
Alerta
 
Pressentindo que Bruno estaria levando Eliza para a morte, "Macarrão" alertou o goleiro: "Bruno, deixa essa menina em paz, pois o Jorge já esteve preso, o Cleiton já esteve preso". E acrescentou: "Eu não sou um vagabundo. Qualquer coisa que acontecer a turma vai colocar a culpa em minha pois eu sou a corda mais fraca".
 
Mas o goleiro não deu ouvidos ao amigos e respondeu: "Eu sou pica, deixa comigo. Aqui é o Bruno". "Macarrão" então pediu que o amigo te contasse o que estava planejando. "Cara me conta o que esta acontecendo", disse Macarrão para Bruno. 
 
O réu contou ainda que notou que o goleiro estava diferente e chorando disse: "Notei na aparência do Bruno que tinha um clima estranho"

Homossexualidade

Sobre as informações de que Macarrão seria homossexual e teria um caso com o goleiro Bruno, o réu desmentiu. Segundo ele, tudo isso não passou de uma estratégia do então advogado do atleta, Rui Pimenta. Macarrão disse ainda que por causa das declarações de Pimenta ele foi humilhado na Penitenciária de Segurança Máxima Nelson Hungria, em Contagem. E, por causa disso, ele entrou com um processo contra o advogado pedindo indenização por danos morais.   Quanto à tatuagem que fez em homenagem ao goleiro Bruno, Macarrão disse se tratar de um trecho de uma música da banda Fundo de Quintal. A tatuagem foi feita na semana em que aconteceu o desaparecimento de Eliza.   Defesa

O ex-advogado de Luiz Henrique Ferreira Romão, Wasley Cesar, disse que foi enganado por um ano e oito meses. Em sua página no Twitter ele postou "Não paguei nada gte. Fui msm enganado. Acreditei piamente na estória do táxi" [sic].
 
Mais cedo, o assistente de acusação, José Arteiro, anunciou que "Macarrão" estaria disposto a confessar o crime em troca do benefício de redução de pena. O advogado teria feito um acordo com a defesa do réu, para que ele assumisse sua participação no crime, mas a informação foi negada pelo atual advogado de defesa de "Macarrão", Leonardo Diniz.

Em seu depoimento, "Macarrão" disse ainda que prejudicou algumas pessoas porque não podia falar. "Quero pedir perdão para a Fernanda, Elenílson e Emerson porque estava acontecendo algumas coisas comigo que não podia revelar nestes dois anos".

Questionado pelo promotor Henry Wagner se ele se sentia traído pelo goleiro, "Macarrão" respondeu: "Eu admirava o trabalho dele. Bruno olhava pra mim e dizia: me perdoa por aquela gravação no Fantástico. Não sei se fui traído, mas Bruno foi desonesto comigo e com ele mesmo".

Macarrão ainda admitiu ter mentido durante as investigações das acusações de agressão contra Eliza Samudio no Rio de Janeiro. "No processo do Rio de Janeiro, eu menti para ajudar o Bruno".

 

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