ADMINISTRAÇÃO OBRA ZERO - Pré-candidato a prefeito, Ruy Muniz, critica atual administração e diz que em três anos de gestão nenhuma obra significativa foi feita

Jornal O Norte
24/12/2011 às 12:09.
Atualizado em 15/11/2021 às 06:13

Entrevista  


Samuel Nunes


Repórter


O ex- deputado estadual e empresário Ruy Muniz concedeu uma longa entrevista ao O Norte. Nesta primeira parte publicada na edição deste final de semana, Ruy tece críticas a administração municipal na qual denominou de administração Obra Zero. Revelou também que é pré- candidato a prefeito de Montes Claros nas próximas eleições e se posicionou quanto aos últimos projetos votados na câmara municipal, dentre os quais a venda da Praça de Esportes e dos 27 terrenos.  




Foto: Divulgação




Na segunda parte da entrevista que será publicada na edição da próxima terça-feira, 27, Ruy Muniz manifestou contrário e de forma contundente contra a instalação de radares por parte do município em alguns pontos considerados estratégicos, dentre outros temas falou porque decidiu novamente colocar seu nome como pré- candidato a prefeito de Montes Claros.   

Montes Claros enfrenta vários problemas de ordem estrutural, como no trânsito, que para muitos está caótico e buracos por toda parte. No bairro Vila Castelo Branco é o exemplo do descaso onde nem rede de esgoto tem nas residências dos moradores. Diante deste quadro qual sua avaliação dos três primeiros anos da administração municipal que aí está?  

- É muito triste a administração chegar ao final do seu terceiro ano de gestão e identificar que esta é uma administração zero obra. Não tem sequer uma obra significativa, nenhuma nova escola, creche nova, uma nova praça. Então é triste para uma cidade como Montes Claros a sexta cidade em população e nona em PIB- Produto Interno Bruto do estado, ter uma administração que não corresponde com as expectativas do povo. Percebe-se pelas pesquisas que são divulgadas 80% de rejeição a esta administração, a mais alta em todos os tempos se tratando de prefeito.  

Fico triste e ao mesmo tempo desejoso de que neste último ano de fato esta administração possa realizar pelo menos uma parte do que prometeu em sua campanha eleitoral. Que ele consiga asfaltar a cidade, fazer rede de esgoto. Por exemplo, é um absurdo se levar asfalto sem levar primeiro, rede de esgoto e água.  

Eu gosto muito de Montes Claros, sou empresário e moro nesta cidade. Gostaria de andar por ruas menos esburacadas, qualidade de vida e segurança pública melhor. Tenho atuação também no setor de esporte queria ter um estádio municipal e um teatro, não vendendo lotes, mas com recursos próprios da prefeitura. Se acabasse com o populismo e o empreguismo teria dinheiro suficiente para fazer as obras que Montes Claros precisa.   

Dois polêmicos projetos foram votados na câmara municipal recentemente. Um tratou da venda da Praça de Esportes e outro da venda de 27 terrenos. Nas entrelinhas o atual prefeito disse que a venda da Praça de Esporte era também seu desejo. Qual sua opinião e versão em relação a estes temas?

Nós nunca propusemos vender o terreno da Praça de Esportes. Pelo contrário, vemos que é um terreno que pode solucionar problemas no trânsito, de estacionamento no centro da cidade e pode ajudar no desenvolvimento econômico do município. Além disso, gerar recursos para a manutenção do transporte escolar gratuito para todos os estudantes de educação pública de Montes Claros. Fiz um estudo para elaborar no terreno da Praça de Esportes três andares de estacionamento mais um terminal rodoviário, centro de atendimento ao cidadão. Fazer lá dois andares de lojas transformando o local no maior shopping da cidade e no terceiro andar reconstruir a praça fazendo um ginásio poliesportivo de fato para competições do vôlei, basquete, futebol de salão, construção de piscina olímpica de 50 metros para atrair competições nacionais de natação.

Fazer um ou dois teatros de 150 lugares cada um, mais cinemas e restaurantes. Enfim criar um espaço de lazer com muito verde e sustentabilidade. A prefeitura não gastaria com este projeto, poderia ser feito através de parceria- público privada. A prefeitura dona do terreno alugaria o terreno por 30 anos para um grupo de investidores, por exemplo, a Multiplan que é dona de shoppings que poderia fazer este tipo de empreendimento. A Multiplan incorpora, vende o uso para empresários que queiram, quem for lojista não teria que pagar aluguel? A prefeitura com isso receberia de 1,5% a 2% do faturamento bruto deste centro comercial, a prefeitura pode usar este dinheiro para pagar o transporte escolar.  

Quanto o terminal rodoviário, este melhoraria o trânsito e integraria bairro centro e vice versa isto com a mesma passagem. Seria um terminal rodoviário urbano. Você provoca preferencialmente o deslocamento de ônibus e quem não quiser fazer uso deste tipo de transporte pode se deslocar para o centro de carro uma vez que irá ter lugar para estacionar. Poderia extinguir a área azul, e pode restringir também alguns corredores do centro como a Rua Camilo Prates e Doutor Santos somente para ônibus e circular.

Vender Terreno da Praça então no seu entendimento não é a melhor saída?  

Isto é inconcebível. Ainda mais para fazer um supermercado, estacionamento como o ex- prefeito Athos Avelino fez na Coronel Prates, onde foi feito um tribufu, um elefante branco onde congestiona o trânsito sobremaneira no local. São caminhões e carretas em determinado ponto onde a Raquel Muniz ( Esposa) tem uma clinica no final da rua Irmã Beata onde há uma enorme dificuldade para se passar devido o grande número de caminhões fazendo manobras, descarregando mercadorias. O supermercado hoje presente nesta avenida deveria ter sido construído do lado do Macro, na Avenida Magalhães Pinto. Quem tiver carro vai lá comprar, inclusive poderia valorizar aquela área. Agora do centro deve-se retirar os grandes empreendimentos estimular que as pessoas peguem ônibus ou mesmo circulem a pé pelo centro da cidade para proporcionar melhor mobilidade.  

E a venda dos 27 terrenos?      

Vender lotes como no bairro Melo a Praça e quadra únicas áreas de lazer para os jovens desta comunidade, isso é loucura da cabeça do prefeito. Pegar espaços que são destinados a creche, escola estadual, municipal, uma praça poliesportiva e vender isso é inconcebível.  

O prefeito tem que administrar acabando com o empreguismo que tem lá, são mais de 5 mil contratados. Uma folha de pagamento que aproxima de 12 milhões de reais, isso é um absurdo. Se ele tivesse um administração enxuta a folha de pagamento seria uns 8 milhões de reais, seria 4 milhões de obras todos os meses. Em 12 meses seria mais ou menos 50 milhões de reais por ano, em quatros anos seria 200 milhões de obras.

Ele quer vender tudo isso ai, Praça de Esportes e mais os 27 lotes para obter 30 milhões de reais. Ele poderia ter este valor se em seis meses ele diminuísse o empreguismo.  

Este prefeito tem feito acordo com alguns vereadores, deputados, suplentes, e a moeda dele é emprego. Ele dá 10 empregos para um, 20 para outro, 30, emprego... tem deputado que tem mais de 100 pessoas indicadas trabalhando na prefeitura.  

Eu conheço vereador que tem mais de 50 indicações políticas dentro da prefeitura. A prefeitura está inchada, ela tem 4 mil servidores efetivos e precisaria de mais 2 mil contratados para saúde e educação.  

6 mil seria o suficiente, mas, não, a prefeitura tem 10, 11 mil funcionários. Ai é dinheiro do povo indo embora, como se aprova um orçamento de 663 milhões de reais e só tem para investir menos de 3 milhões de reais. Isto não tem lógica, um orçamento sério teria que ter pelo menos 10 a 15% deste valor para investimento. Falta é gente que planeja os quatros anos e competência. A receita da prefeitura todo dia 10 cai um pouco, isto dia 20 e 30. A arrecadação pública sempre flutua para mais, não como loja, a receita da prefeitura sempre é crescente. Mas o problema que gasta, terceirizam e oneram mais.  

Olha a Esurb, gastaram com o lixo 1 milhão e 200 mil reais, agora continuam gastando com a Esurb e mais 1 milhão e 500 com a empresa terceirizada. Aí não tem dinheiro que chega mesmo não, porque o desperdício e má gestão é a marca desta administração.             

Por tudo que você elencou Montes Claros vive uma crise administrativa?  

Sim, e não só deste prefeito que aí está. Se você vê a prática política feitas nos últimos 30 anos em Montes Claros é de fazer poucas obras. A cidade precisa de viaduto, trincheiras, ruas e avenidas duplicadas, há muito que ser feito, os últimos prefeitos fizeram pouco pela cidade. Isto porque eles aprenderam que asfalto na última hora, no período eleitoral é que dá voto. Já conseguiram eleger deputado e pessoas ligadas a eles agindo desta maneira. Então todos eles ficam cozinhando o galo, e quando chega no ano eleitoral querem fazer obra a toque de caixa.  

Isto não pode, tem que planejar, Montes Claros é uma cidade que tem o PIB aproxima de 4 bilhões de reais que é o dinheiro que circula aqui. A prefeitura é a maior empresa, poderia então ser muito mais articulada para dá subsidio trazendo empreendimentos. Somos uma cidade pólo de verdade, Uberlândia tem Uberaba do lado, Araxá. Montes Claros é sozinha neste Norte de Minas. A segunda maior cidade, Janauba, tem 65 mil habitantes, mesmo porte de Januaria, Pirapora todas cidades pequenas. Aqui tem tudo para ser a capital do Norte de Minas. Mas para isto é preciso ter boa gestão. E precisamos escolher gente que tenha coragem e competência, que dá frutos, e não gente que só fala, fala... que não faz.  

E estamos aí analisando o cenário e quero colocar o meu nome como a pré- candidato a prefeito de Montes Claros para colocar esta cidade no rumo, ter coragem de fazer as coisas certas. Provocar desenvolvimento econômico e humano.

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por