(FLAVIO TAVARES)
Em um discurso cheio de alfinetadas, o senador Aécio Neves oficializou, ontem, na convenção do PSDB realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (Alemg), a candidatura do deputado estadual João Leite à Prefeitura de Belo Horizonte pelo partido.
Na disputa pelo comando da capital, a dupla bate de frente com Marcio Lacerda, antigo aliado de Aécio, e Paulo Brant (PSB), candidato apoiado pelo prefeito na corrida política. “João Leite tem uma conexão real, natural, com a cidade e certamente não se perderá em nenhum canto de Belo Horizonte durante o mandato”, cravou Aécio.
A frase parece ter sido uma indireta a Paulo Brant, que nasceu em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha. Em mais uma citação dúbia, o senador tucano afirmou que ele e João Leite não “mudaram de lado”.
“Estamos onde sempre estivemos, ao lado de um grupo de companheiros políticos que acreditam e aplicam a boa gestão na cidade. Nós não mudamos a nossa direção. O mesmo grupo político que iniciou essa jornada continua unido”, insinuou.
Companheiros políticos
Aécio garantiu que não se sentiu traído. Mas, em outro trecho que parece ter sido direcionado ao prefeito, o senador afirmou que sempre preservou os companheiros políticos.
“Sempre tento passar para os meus companheiros que política não pode ser uma ação solitária. Deve ser uma ação solidária. O prefeito optou por outro caminho. Nós vamos continuar no mesmo caminho que nos permitiu vencer por três vezes em Minas Gerais e em duas no município”, alfinetou.
Para as ruas
O candidato João Leite reforçou o fato de o mesmo grupo político tê-lo apoiado. “Mais do que uma escolha pessoal, nosso campo político decidiu continuar junto. Eu tenho a alegria de ser o escolhido para levar este projeto à frente. Vou entusiasmado para as ruas de Belo Horizonte”, afirmou.
Para o senador Antônio Anastasia (PSDB), a candidatura de João Leite à prefeitura segue o rumo “natural” da política. “É uma candidatura natural. Ele é um homem do povo, um homem simples, querido na cidade e conhecido de todos. Se eleito, e será, será um grande prefeito.
O presidente do PP e ex-governador de Minas, Alberto Pinto Coelho, também avaliou o fato de Aécio e Lacerda, antigos aliados, lançarem candidatos distintos.
“Cada um faz as suas análises e toma o seu caminho. Mas como o Aécio gosta de citar sempre: ‘política é feita de encontros e desencontros’. Não sei se seria melhor com Márcio. Na impossibilidade de marcharmos juntos, estamos fazendo uma candidatura muito forte”. Em convenção também realizada ontem, o PP de Pinto Coelho fechou a aliança com o PSDB para a disputa municipal.
Novas regras
As campanhas municipais deste ano terão que seguir as novas regras eleitorais, que proibem o financiamento de empresas para partidos e candidatos e limitam as despesas dos políticos. Com menos dinheiro em caixa, gastar sola de sapato será essencial, conforme afirmou Aécio.
“Esta será uma eleição totalmente diferente das outras. Será uma eleição franciscana”, disse. Ele ressaltou que as contribuições de pessoas físicas serão fundamentais para fechar o caixa das campanhas. “Por isso, a conexão dos candidatos com a vida real da cidade será muito importante”, disse.