Aécio Neves sobre quem seria vice de Serra: - Não cabe a mim essa indicação

Jornal O Norte
17/03/2010 às 09:44.
Atualizado em 15/11/2021 às 06:23

Durante visita à cidade de Pouso Alegre, Sul de Minas, na manhã de ontem, terça-feira, o governador Aécio Neves concedeu entrevista à imprensa, presente inclusive o repórter Neumar Rodrigues de O NORTE.

(DIVULGAÇÃO)




Eis a entrevista:

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- Quais serão as estratégias do senhor?

Nós estamos ainda concluindo o mandato. É a última visita que faço a Pouso Alegre na condição de governador de Minas Gerais, dentro de poucos dias, pela imposição da legislação, deixo o governo, mas deixo o governo com a segurança de que Antonio Anastasia dará continuidade à obra que nós iniciamos em Minas Gerais. E tenho tido alegria de poder receber o reconhecimento dos mineiros em relação ao que foi feito até aqui.

Nós temos uma travessia longa ainda pela frente, mas Minas tem hoje os melhores indicadores econômicos e sociais dentre todos os estados brasileiros. E uma obra de governo é uma obra contínua, sempre inacabada, por isso a minha prioridade absoluta é estar ao lado do vice-governador Antonio Anastasia, apoiando na fase final do nosso governo até o final do ano e ajudando na nossa caminhada para que Minas possa ter pelos próximos quatro anos a mesma seriedade, o mesmo planejamento, a mesma transparência na gestão dos recursos públicos e um volume cada vez maior de investimentos, que melhora a vida das pessoas.

- Antes de deixar o governo, o senhor vai conceder algum reajuste aos servidores?

Nós estamos discutindo com a serenidade de sempre, no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal e da capacidade financeira do Estado, alguns avanços também em relação aos servidores.

Eu pretendo, se isso for possível, os estudos estão sendo aprofundados até o final dessa semana; provavelmente, na próxima semana, eu tenha condições de ainda dar alguma sinalização positiva aos servidores. Naturalmente, não na necessidade ou até naquilo que seria justo em relação aos servidores, mas sempre agindo com a mesma responsabilidade com que nós iniciamos o governo, mas sempre buscando a valorização do servidor público, que ocorreu em todos esses sete anos.

- Como é que o senhor está se preparando para a disputa ao Senado?

Acho que no Senado eu terei condições, ao lado de Antonio Anastasia, de garantir que os investimentos em Minas não parem, garantir que os interesses de Minas sejam efetivamente defendidos no Senado da República.

Eu estarei, a partir agora do mês de abril, à disposição do governador Anastasia, agora desempregado, talvez até com mais disponibilidade para conversar com os companheiros, para visitar o Estado, para estar ao lado dos meus companheiros parlamentares que são fundamentais para a nossa ação de governo. Não basta apenas eleger o governador Anastasia ou o presidente da República.

É muito importante também que os nossos parlamentares estaduais e federais na Assembleia e na Câmera Federal tenham apoio aqui na região. A nossa obra de governo, se hoje ela é uma obra reconhecida como positiva por mais de 80% da população é porque em todos os instantes eu tive, na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal, apoio e sustentação para tomar medidas duras, muitas delas impopulares no primeiro momento, mas que se mostraram extremamente eficientes e positivas no momento dos seus resultados.

A obra de governo, eu digo sempre, é uma coletiva, ela jamais pode ser uma obra individual. Portanto, é muito importante que o governador Anastasia, que eu confio plenamente, vencerá as eleições, chegue no Governo de Minas com uma ampla base na Assembleia Legislativa – e aqui nós temos parlamentares da região muito operosos, dedicados parlamentares – e da mesma forma, na questão federal, é importante que o governador Serra tenha também uma base forte no Congresso.

- Quem o senhor acha que estaria mais preparado para ser o vice do Serra?

Essa é uma decisão que não cabe a mim tomar.

- Quem o senhor indicaria?

Não cabe a mim essa indicação. Apresentei ao partido durante todo ano passado a proposta de uma candidatura presidencial, que pudesse ser mais convergente, que apontasse para o futuro e que fugisse dessa eleição plebiscitária que o governo busca criar entre o governo Fernando Henrique e o governo de Lula. Acho que os brasileiros querem saber o que vai acontecer, o que ficou por fazer. Aquele candidato que encarnar isso, que demonstrar respeito a obra que começa com Itamar Franco, com a elaboração do Plano Real, passa por Fernando Henrique com a sua consolidação, portanto com a vinda da estabilidade econômica,  com a modernização da economia, com o início dos programas sociais. Chega no governo do presidente Lula, esses programas sociais avançam e é preciso que se reconheça isso. Mas a grande questão que está realmente na cabeça das pessoas, ou estará no momento da eleição, é quem tem melhores condições de, a partir disso que foi construído, não por um governo, mas por um tempo mais longo na nossa história, quem estiver em condições de apresentar à população esse sentimento de que está em condições de avançar mais, é que vencerá as eleições. 

Agora, no momento em que eu saio da disputa presidencial, já que meu partido caminhava em outra direção, respeito essa decisão, passo a ser um soldado do partido e não cabe a mim qualquer interferência na composição da chapa. Isso cabe à direção do partido e ao próprio candidato, governador Serra.

- Há espaço para definição das alianças? Ainda há espaço? O PMDB pode ser um parceiro em Minas?

As nossas portas estão sempre abertas para essas negociações.  Respeitamos muito aqueles que estão em outro campo, o PMDB em muitos momentos da nossa administração nos emprestou apoio na Assembleia Legislativa. Sempre estaremos abertos a entendimentos, mas se o caminho do PMDB for outro, vamos respeitar esse caminho. Essa é uma questão que tem que ser tratada pelos dirigentes partidários como tem sido.

Ontem mesmo houve uma reunião entre os dirigentes dos dois partidos.  Estamos muito seguros com o que estamos construindo.  Minas construiu um modelo de gestão que o Brasil e o mundo hoje respeitam. Na última semana, a secretária de Planejamento de Minas, Renata Vilhena, estava em Washington apresentando o modelo de compras de Minas Gerais, como o modelo escolhido pelo Banco Mundial para inspirar outros estados de outros países do mundo. O próprio modelo Estado para Resultados, que é esse que remunera as pessoas pelo resultado obtido, é considerado pelo Banco Mundial também, e eu tive a oportunidade de fazer lá essa apresentação há mais de um ano atrás, é considerado pelo Banco Mundial como o melhor modelo de gestão de todos os estados federados de todos os países do mundo. Portanto, isso não pode ter descontinuidade. Romper com isso seria um enorme prejuízo para Minas Gerais.  Planejamos esse Estado até o ano de 2023. Não podemos interromper as ações que visam chegar lá com os melhores indicadores sociais e econômicos do país.

Portanto, estou extremamente feliz porque a nossa base, a que iniciou conosco esse trabalho conjunto em 2003, é o trabalho de muitos partidos, mas chega absolutamente unido até aqui. Mas, obviamente, para esse trabalho, para o objetivo de dar continuidade a essa ação, outras alianças são bem vindas. Agora cabe ao PMDB e a outros partidos fazer essa avaliação. Saímos de uma base extremamente sólida e estou muito confiante que vamos vencer as eleições.

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