Por mais que o senador Aécio Neves (PSDB) tente dissociar o pleito municipal da disputa presidencial de 2018, o fato é que o poder político de eleger aliados conta, e muito, para quem deseja lutar nas fileiras do partido para ter o direito à candidatura. Geraldo Alckmin, governador de São Paulo e adversário interno de Aécio dentro da legenda, fecha o ano de 2016 como franco favorito do PSDB a formar uma chapa para a Presidência da República.
Aécio perdeu a chance de tentar contrapor o colega ao sair derrotado em Belo Horizonte. Errou ao não aliar-se ao prefeito Marcio Lacerda (PSB) deixando ambos a ver navios. E também errou ao não diagnosticar o potencial do adversário ainda no primeiro turno. Quando o candidato dele estava dando sinais de recuperação, após campanha intensa de desconstrução do adversário, os ataques foram reduzidos. Mas João Leite ainda não tinha passado Kalil. A estratégia tucana falhou.
A campanha de Kalil foi mais eficiente. Conseguiu segurar o candidato no topo até o desfecho. Misturou futebol com a apatia a políticos e política. Por isso, acusações não ‘pegaram’ no candidato a ponto de tirar-lhe a eleição.
Voltando ao destino de Aécio Neves, nem tudo está acabado. Como em outras ocasiões, o senador mineiro mostrou que tem uma enorme capacidade de se recompor. Ao sair derrotado nas urnas na última disputa presidencial, foi capaz de unir a oposição e quebrar a já frágil base governista de então. Voltou a ser lembrado como nome do PSDB à sucessão de 2018.
Aécio conta com o tempo e não pode perder o timing. Faltam dois anos para a disputa e, tratando-se da política recente brasileira, dois anos são uma eternidade. De imediato, o maior desafio é não deixar que os diretórios regionais do PSDB saiam de seu comando. Esperto, Alckmin já trabalha por novas eleições na maior parte das unidades estaduais. E, depois, não pode perder o posto de presidente nacional do partido.
No Congresso, outro desafio. É mais fácil ser a voz da oposição que da situação. Se quiser vencer o governador paulista, o mineiro terá que ganhar espaço no governo. Ser o espelho das grandes discussões no Senado.
Já Alckmin tem de fazer o dever de casa e não pode errar. Para o paulista, ganhar os diretórios é peça importante.
E ambos, como outros postulantes, têm que torcer para que passem longe de grandes operações.
Aliado fiel
O presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes (PMDB), é o nome cotado para assumir o posto de vice na chapa que deve ser encabeçada pelo governador Fernando Pimentel (PT) na disputa pela continuidade à frente do Executivo estadual.
O peemedebista é tido como aliado fiel do governador e o responsável por manter a base coesa, mesmo em um momento de dificuldade. Adalclever garantiu ao governador que atuará ao seu lado quando o parlamento mineiro votar a admissibilidade da denúncia feita pelo Ministério Público Federal contra ele. Isso significa que o PMDB não deve fazer em Minas o que fez no âmbito nacional, ao romper com a presidente Dilma Rousseff (PT) quando ela enfrentava o pior momento político.
O atual vice, Antônio Andrade (PMDB), está desgastado após vários episódios políticos, como a fotografia em que apoiou João Leite (PSDB) com parte do partido dele.
Pela fidelidade, Adalclever goza de prestígio no governo e credencia-se para a vaga de vice nas eleições de 2018.